Quatro candidatos no radar para a Petrobras de Lula
O mercado ficará de olho em quem o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, colocará no comando da Petrobras
Bloomberg
Publicado em 31 de outubro de 2022 às 11h19.
Última atualização em 31 de outubro de 2022 às 11h27.
O mercado ficará de olho em quem o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva , colocará no comando da Petrobras para avaliar quanto a estratégia de negócios da estatal mudará sob o novo governo de esquerda.
Lula, o ex-presidente que impulsionou a expansão da Petrobras no pré-sal, que agora fornece cerca de 70% da produção total de petróleo e gás da empresa, iniciará conversas com partidos de sua aliança política para chegar a um consenso sobre quem selecionar para assumir os principais cargos na estatal e no Ministério de Minas e Energia.
As ações caíram até 8% na abertura do mercado na segunda-feira em São Paulo.
O alto escalão da Petrobras passou por um período de turbulência sem precedentes. O titular Jair Bolsonaro demitiu três presidentes da petrolífera desde o início do ano passado por não conterem os preços dos combustíveis. Durante a campanha, a Petrobras sofreu pressão de ambos os candidatos para conter os preços, e existe a preocupação de que a empresa possa voltar a subsidiar os combustíveis como fez nas gestões anteriores do PT.
Os investidores também estão preocupados que a Petrobras, sob nova gestão, comece a investir em segmentos menos lucrativos, como refino, o que poderia diminuir os dividendos da ação.
Os principais possíveis candidatos ao cargo citados por participantes do setor incluem um senador alinhado a Lula e um ex-presidente da Petrobras durante o primeiro governo do petista.
Lula também tem laços profundos com a comunidade empresarial, de onde também podem vir indicações. O mandato do atual presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, termina em abril de 2023.
Principais nomes são:
Jean Paul Prates:
Senador do PT e pessoa de referência para política energética durante a campanha de Lula, Prates atuou como consultor jurídico no braço internacional da Petrobras na década de 1980 e como consultor no setor de petróleo e gás. Em 1997 ele ajudou a elaborar a Lei do Petróleo, que abriu o setor à concorrência. Em uma entrevista em agosto, Prates disse que sob Lula, a Petrobras reverteria os anos de encolhimento que ocorreram sob Bolsonaro. Ele citou refino, energia renovável e operações internacionais como metas para aumentar os investimentos.
José Sérgio Gabrielli:
Economista e ex-presidente da Petrobras, Gabrielli liderou a empresa quando ela começou a explorar a formação do pré-sal e descobriu o maior grupo de campos de petróleo de águas profundas do planeta. Ele também estava no comando quando ocorreu o esquema descoberto pela Operação Lava-Jato. Gabrielli foi investigado, mas não foi condenado por nenhum crime.
Maurício Tolmasquim:
Engenheiro e acadêmico da UFRJ, Tolmasquim atuou como chefe da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de 2005 a 2016, quando o Partido dos Trabalhadores estava no poder. Na função, ele foi responsável por realizar estudos técnicos sobre o setor de energia e ajudar a moldar a política do governo para o setor.
William Nozaki:
Cientista político e economista de esquerda que participa de discussões de estratégia no PT, Nozaki também é coordenador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), associado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). Ele é a favor do aumento dos investimentos na rede de refino da Petrobras e da desaceleração da venda de ativos.