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Preços do minério são ‘ridículos’, diz trader de commodities

O insumo siderúrgico chegou a ultrapassar US$ 230 a tonelada na quarta-feira e atingiu novo recorde nos futuros de Singapura

Minério de ferro: enquanto a demanda e a produção de aço se fortalecem, muitos analistas argumentam que os fundamentos do mercado por si só não justificam esses altos preços (Beawiharta/Reuters)

Minério de ferro: enquanto a demanda e a produção de aço se fortalecem, muitos analistas argumentam que os fundamentos do mercado por si só não justificam esses altos preços (Beawiharta/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 12 de maio de 2021 às 09h49.

Última atualização em 13 de maio de 2021 às 12h15.

A forte valorização do minério de ferro não diminuirá tão cedo porque os compradores continuam nervosos com a possibilidade de serem pegos de surpresa, já que a demanda global se acelera em meio a ameaças de oferta, segundo um trader de commodities veterano.

O insumo siderúrgico chegou a ultrapassar US$ 230 a tonelada na quarta-feira e atingiu novo recorde nos futuros de Singapura com o boom cada vez mais forte das commodities. Enquanto a demanda e a produção de aço se fortalecem, muitos analistas argumentam que os fundamentos do mercado por si só não justificam esses altos preços. Mas isso não deve frear mais ganhos, segundo Andrew Glass, fundador da Avatar Commodities, com sede em Singapura.

“A lógica dita que esses preços são ridículos, mas o medo continuará a guiar esta alta”, disse Glass, que comandou o comércio de ferrosos na mineradora Anglo American e negocia commodities desde a década de 1990. “Há o medo de não ser capaz de garantir a logística e os recursos necessários - US$ 220 é caro, mas é muito mais caro se você tiver que fechar uma usina porque não consegue matérias-primas.”

Os custos das commodities industriais e de frete sobem com a maior procura por matérias-primas, quando setores da manufatura à construção se preparam novamente à medida que as restrições da pandemia são relaxadas. A forte demanda da China é outro fator, pois as margens elevadas do aço no país sustentam os altos preços do minério de ferro. As cotações poderiam testar US$ 250 nos próximos 12-18 meses, de acordo com o Oversea-Chinese Banking.

Os futuros do aço e minério de ferro da China também atingiram recordes na quarta-feira. Siderúrgicas do país aceleram a produção em desafio às tentativas do governo de controlar a oferta para reduzir as emissões de carbono da indústria, enquanto margens de lucro sólidas permitem que as usinas acomodem melhor os crescentes custos dos insumos.

O minério de ferro está “muito caro no momento, mas o medo é um motivador impressionante, e os preços são um reflexo do medo”, disse Glass. “Vemos o medo de forma mais ampla com os preços do ouro em alta, o dólar em baixa; há uma fuga para a segurança e há uma certa quantidade de medo alimentando os mercados de commodities.”

A China depende de apenas dois países - Brasil e Austrália - para 80% de suas importações de minério de ferro. O Brasil ainda não conseguiu controlar o coronavírus, e agora o mundo está preocupado com a variante que avança na Índia. Além disso, a tensão entre China e Austrália traz outro elemento de risco ao mercado.

“Do Brasil, esses navios estão a 40 dias de distância”, disse Glass. “Então, se houver mais problemas no Brasil por causa do vírus, é melhor você se assegurar de que está bem protegido. E se a política entre a Austrália e a China chegar ao ponto de criar um problema com o abastecimento australiano, e houver um problema com o Brasil também, a segurança de suprimento se tornará muito, muito importante.”

O minério de ferro em Cingapura chegou a subir 5,7% e atingiu o recorde de US$ 233,55 a tonelada, sendo negociado a US$ 232,20 às 14h25, no horário local. O minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian da China e o vergalhão de aço em Xangai também avançaram para novos recordes.

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