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Preço do gás na Europa dispara após redução dos fluxos da Rússia

Os preços do gás subiram mais que 13% ao longo do pregão, após a redução dos fluxos no gasoduto Nord Stream 1

Tubulação de gás na região de Kiev, na Ucrânia (Andrey Sinitsin/AFP/Exame)

Tubulação de gás na região de Kiev, na Ucrânia (Andrey Sinitsin/AFP/Exame)

As cotações internacionais do gás na Europa dispararam nesta quarta-feira, 27, depois que a Rússia cumpriu sua ameaça de reduzir ainda mais o fornecimento para a região.

Os preços do gás subiram mais que 13% ao longo do pregão, após os fluxos no gasoduto Nord Stream 1 serem reduzidos para apenas um quinto da capacidade normal.

O contrato TTF negociado na Bolsa de Amsterdã, que é a referência europeia para o preço do gás, atingiu uma máxima de 222,5 euros por megawatt-hora.

O preço está 25% superior ao do começo da semana e mais do que o dobro do que era negociado no começo de junho. E mais do que dez vezes mais do que os preços aplicados antes da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19).

Em termos de comparação, o preço tão elevado do gás equivale a uma cotação do petróleo de US$ 380 o barril, quase quatro vezes o preço atual, que está por volta dos US$ 100 o barril.

Essa diminuição do fornecimento de gás para a Europa aumenta o risco de o continente enfrente escassez de gás nos próximos meses, quando vai começar a temporada fria.

A redução do fluxo de gás começou em junho, quando o gasoduto Nord Stream 1, que liga a Rússia com a Alemanha, reduziu para 40% sua capacidade.

As autoridades europeias acusam o governo russo de utilizar o fornecimento de gás como chantagem e como retaliação contra as sanções impostas após a invasão da Ucrânia.

A Rússia alegou que a redução dos fluxos no Nord Stream 1 foi provocada por problemas com turbinas que teriam sido piorados por causa das sanções ocidentais.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou que a estatal energética russa Gazprom esteja cortando os fornecimentos de gás para forçar a União Europeia (UE) a reverter as sanções contra a Rússia.

Preço do gás aumenta a inflação

O aumento dos preços da energia está alimentando uma inflação generalizada na Europa. Além disso, muitas empresas estão sofrendo com esse aumento das cotações, com muitos analistas que estão prevendo uma recessão até o final do ano para a região.

Muitos países já tiveram que aplicar medidas drásticas para reduzir o impacto da inflação, limitando o aumento das contas de luz para as famílias. Isso pois o gás é o principal combustível utilizado para gerar eletricidade em muitos países europeus.

Na Alemanha, os preços da foram empurrados para um novo recorde de 370 euros (cerca de R$ 2 mil) por MWh. Cinco vezes mais do que em 2020.  No Brasil, o preço médio do MWh residencial em São Paulo é de cerca de R$ 380.

Entretanto, isso provocou sérios problemas para as contas de empresas do setor de energia, forçando muitos governos a resgatá-las ou até nacionalizá-las.

A Alemanha decidiu estatizar a Uniper, para tentar garantir fornecimentos de gás suficientes para o inverno.

A França também fez algo parecido com a EDF, para tentar limitar o aumento das contas de energia.

Por sua vez, o Reino Unido se prepara a gastar 15 bilhões de libras para ajudar cidadãos que devem pagar contas de energia cada vez mais caras.

União Europeia tenta diminuir dependência

Após a invasão russa da Ucrânia, a União Europeia está tentando atuar para reduzir a dependência do gás russo, que representa cerca de 40% do consumo do bloco.

O Conselho Europeu decidiu que seus membros realizarão cortes voluntários na demanda, para reduzir o consumo em 15%. Isso vai ajudar a aumentar o estoque antes do começo do inverno.

Entretanto, permanecem os temores que as famílias europeias e as indústrias locais tenham que enfrentar um racionamento de energia nos próximos meses, caso os cortes nos fornecimentos de gás continuem.

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