Alibaba: ADRs operam na contramão do mercado (Chesnot/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 18h01.
Última atualização em 1 de dezembro de 2025 às 18h03.
Apesar de um início de mês conturbado, as ações do Alibaba Group figuram entre as poucas altas desta segunda-feira, 1, em um dia marcado pelo enfraquecimento do apetite por risco entre investidores, segundo informações da agência de notícias Barron's.
Enquanto o S&P 500 recuava 0,43% às 17h35 (horário de Brasília), os recibos de ações (ADRs) do Alibaba, essencialmente suas ações listadas nos EUA, avançavam 4,42%. O movimento movimento ocorreu em meio à percepção de que a deterioração econômica na China pode levar Pequim a adotar novas medidas de estímulo, cenário que tende a favorecer empresas de grande porte como a Alibaba.
Os investidores analisavam dados econômicos importantes divulgados pela China no fim de semana. O índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) oficial de manufatura ficou em 49,2, nível abaixo de 50 que indica contração, marcando o oitavo mês consecutivo nessa faixa. Já o PMI não manufatureiro veio em 49,2, abaixo das expectativas de 50 e indicando o primeiro mês de contração em quase três anos.
Esses indicadores reforçam a percepção de fraqueza na segunda maior economia do mundo e podem levar o governo chinês a intervir.
“As ações chinesas estão indo na contramão do movimento de aversão a risco em outros mercados, possivelmente devido às expectativas de estímulo após os dados”, disse à Barron's Jim Reid, estrategista do Deutsche Bank.
Tanto o Hang Seng, de Hong Kong, quanto o Shanghai Composite avançaram nesta segunda, enquanto as bolsas de Tóquio e da Europa fecharam no vermelho. O mesmo cenário ocorre nos mercados à vista dos Estados Unidos.
A Alibaba, que mantém um forte negócio de varejo on-line ao mesmo tempo em que expande sua área de inteligência artificial (IA), provavelmente seria beneficiada por estímulos governamentais destinados a sustentar a economia chinesa.
Esse é o motivo mais provável pelo qual os ADRs da Alibaba estavam a caminho de superar o desempenho do mercado americano mais amplo nesta segunda-feira.
A Alibaba desponta como uma das companhias que mais poderiam se beneficiar de um eventual pacote de estímulos econômicos na China.
Medidas como cortes de juros, flexibilização de crédito para empresas, incentivos ao consumo e apoio direto a setores estratégicos tendem a impulsionar tanto o comércio eletrônico quanto operações de computação em nuvem, dois pilares essenciais da receita do grupo.
O gigante do e-commerce começou a vender na última quinta-feira, 27, seus primeiros óculos com inteligência artificial. Chamados de Quark AI Glasses, os dispositivos foram anunciados em julho e chegam agora ao mercado chinês em duas versões: a S1, a partir de 3.799 yuans (cerca de US$ 536), e a G1, de 1.899 yuans (US$ 260).
Os óculos inteligentes operam com o modelo de linguagem Qwen, versão da Alibaba para a tecnologia popularizada pelo ChatGPT, da OpenAI. Eles também são integrados ao recém-reformulado aplicativo Qwen, permitindo interação por comandos de voz para funções como tradução em tempo real e geração automática de resumos de reuniões.
Além disso, a empresa continua tentando reconquistar investidores após anos de maior intervenção regulatória e desaceleração do consumo doméstico. Um ambiente de estímulos e recuperação gradual da confiança poderia melhorar as margens, fortalecer o volume transacionado nas plataformas e acelerar projetos de IA, área na qual a Alibaba vem buscando ampliar sua competitividade global.
Nesse contexto, cresce a percepção de que a companhia estaria bem posicionada para capturar os primeiros sinais de retomada econômica, o que ajuda a explicar por que os ADRs da Alibaba caminhavam para superar com folga o desempenho do mercado americano mais amplo nesta sessão.