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Por que a ação da BRF (BRFS3) cai mais de 10% após balanço? O que o mercado achou do resultado

Prejuízo líquido de dona da Sadia e Perdigão mais do que dobrou no segundo trimestre

BRF: prejuízo líquido ajustado foi de R$ 451 milhões (Victor Moriyama/Bloomberg)

BRF: prejuízo líquido ajustado foi de R$ 451 milhões (Victor Moriyama/Bloomberg)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de agosto de 2022 às 14h06.

Última atualização em 11 de agosto de 2022 às 14h21.

As ações da BRF (BRFS3) lideram as perdas do Ibovespa no pregão desta quinta-feira, 11, em reação ao balanço do segundo trimestre divulgado na última noite. Os papéis chegaram a cair 12,2% ao serem negociados na mínima do dia, de R$ 15,06.

A BRF teve prejuízo líquido ajustado pelas operações continuadas de R$ 451 milhões no período, sendo parte do resultado afetado por fatores financeiros. A perda registrada foi 126% superior à do segundo trimestre de 2021.

O Ebtida ajustado cresceu 7,7% no período para R$ 1,37 bilhão, ficando acima do consenso da Bloomberg de R$ 1,24 bilhões. O número foi o grande destaque positivo, principalmente em relação ao primeiro trimestre, quando o Ebitda ajustado foi de R$ 121 milhões -- mas não foi o suficiente para retomar a confiança do mercado.

"Destacamos a impressionante recuperação após os resultados reportados no primeiro trimestre, mas há mais espaço para percorrer antes de atingir níveis de rentabilidade normalizados", afirmaram analistas do Itaú BBA, que tem recomendação neutra para as ações da BRF.

Operação brasileira decepciona 

Ainda que o Ebitda ajustado também tenha superado as estimativas do Itaú, os analistas ressaltaram o fraco desempenho das operações brasileiras. O Ebitda da BRF no Brasil caiu 19,1% para R$ 398 milhões, ficando também 12% abaixo das projeções do banco. O volume de vendas da BRF no país caiu 4% para 547 mil toneladas, puxada por menos aves e processados.

"A BRF ainda está enfrentando impactos dos ajustes de oferta feitos durante o primeiro trimestre", disseram, em relatório, os analistas do Itaú BBA, que projetam melhora do cenário apenas para a partir do terceiro trimestre.

Analistas do BTG Pactual veem espaço para o Ebitda da BRF no Brasil dobrar quando os reajustes de produção e portfólio a partir do terceiro trimestre. "Não ficaríamos surpresos se a BRF imprimisse outro aumento significativo Ebitda de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões no próximo trimestre", disseram em relatório.

Mas, por enquanto, foram os preços mais altos que ajudaram a segurar o resultado da BRF. O salto no preço médio por quilo foi de 17,1% para R$ 11,95.

" Os preços, por outro lado, superaram nossas expectativas, mas não foram suficientes para compensar totalmente a inflação de custos no trimestre", disse o Itaú.

A margem Ebitda da BRF no Brasil caiu 2,4 pontos percentuais para 6,1%. A compressão de margem, segundo relatório da Ativa, foi efeito do cenário "macroeconômico local desafiador". "Sobretudo o cenário inflacionário que impactou as vendas no varejo", afirmaram.

Na frente internacional, também houve queda do volume de vendas, de 499 mil toneladas para 478 mil toneladas. O Ebitda ajustado, no entanto, cresceu 40,3% para R$ 868 milhões, sustentando o consolidado.

"Esperamos que as unidades de negócios Internacionais (principalmente Halal e Exportação Direta) sejam os principais pilares para os resultados consolidados da BRF ao reorganizar suas operações domésticas após desafios não recorrentes do primeiro trimestre", disseram os analistas do Itaú.
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