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Petróleo acelera ganhos com crise global de gás, diz AIE

Agência Internacional de Energia alerta para uma troca em massa por suprimentos derivados de petróleo

Agência alerta que crise de gás não é inteiramente positiva para o consumo de petróleo | Foto: Nick Oxford/File Photo/Reuters (Nick Oxford/File Photo/Reuters)

Agência alerta que crise de gás não é inteiramente positiva para o consumo de petróleo | Foto: Nick Oxford/File Photo/Reuters (Nick Oxford/File Photo/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 14 de outubro de 2021 às 11h18.

A escassez de gás natural na Europa e na Ásia tem elevado a demanda por petróleo, aprofundando o que já era um considerável déficit de oferta nos mercados, disse a Agência Internacional de Energia (AIE).

O petróleo bruto já ultrapassou US$ 80 o barril, a maior cotação em três anos, diante da expectativa de operadores de que os preços recordes do gás vão estimular o consumo de outros combustíveis, especialmente para geração de energia. Isso já ocorre e pode adicionar cerca de 500 mil barris por dia ao uso de petróleo, em média, nos próximos seis meses, disse a AIE na quinta-feira.

“Uma escassez aguda de gás natural, gás natural liquefeito e suprimentos de carvão, decorrente da recuperação econômica global crescente, gerou um aumento vertiginoso dos preços para suprimentos de energia e provoca uma troca em massa por derivados de petróleo”, disse a AIE. “Dados preliminares de agosto já indicam que existe demanda excepcionalmente alta por óleo combustível, petróleo bruto e destilados médios para usinas de energia em vários países, incluindo a China.”

A nova análise da agência, que assessora países industrializados em política energética, mostra como a falta de gás natural atinge outros mercados e a economia em geral. A crise agrava o atual déficit de oferta de petróleo e pode interferir no cuidadoso plano da Opep de repor gradualmente a produção ociosa. A escassez atinge setores de uso intensivo de energia e ameaça desacelerar o crescimento do PIB e pressionar a inflação.

O petróleo Brent subia 0,9%, para US$ 83,95 o barril, às 9h21 em Londres, levando a valorização semanal para quase 2%.

A AIE elevou a estimativa de crescimento da demanda este ano em 300 mil barris por dia, para 5,5 milhões de barris/dia, e aumentou ligeiramente a projeção em 2022 para 3,3 milhões de barris/ dia. O efeito da troca de óleo por gás será sentido principalmente neste trimestre e no próximo, segundo a agência.

A crise de gás não é inteiramente positiva para o consumo de petróleo. O aumento das estimativas de demanda da AIE foi atenuado por um cenário mais fraco para o PIB, resultante principalmente de problemas da cadeia de suprimentos e maiores custos da energia.

“O aumento dos preços atingiu toda a cadeia global de energia”, disse a AIE. “Os preços mais altos da energia também elevam as pressões inflacionárias que, além dos cortes de eletricidade, podem levar à redução da atividade industrial e à desaceleração da recuperação econômica.”

A agência observou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados mantiveram o plano de subir a produção em 400 mil barris por dia “apesar dos apelos dos principais países consumidores por um aumento mais significativo”.

A Opep+ não deu sinais de desviar de seu plano. Durante a Semana Russa de Energia em Moscou, o ministro de Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, reiterou seu compromisso de reposição gradual e em fases da oferta ociosa. A crise que atinge outros mercados de energia mostra o “bom trabalho” que o grupo tem feito na regulação do petróleo, afirmou.

A produção global de petróleo aumentará cerca de 2,7 milhões de barris por dia de setembro até o final do ano, à medida que a Opep+ desacelera os cortes e a oferta dos EUA se recupera dos danos causados pelo furacão Ida, disse a AIE. Mesmo com esses aumentos, o mercado terá déficit de oferta de cerca de 700 mil barris/dia até o fim deste ano e voltará a registrar superávit no início de 2022, segundo a agência.

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