PETROBRAS: estatal deve ter novo presidente no governo de Michel Temer / Reuters/Paulo Whitaker (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2016 às 21h31.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h05.
Dentre as perguntas que vêm com o novo governo uma tem pautado muitos investidores: qual o futuro da Petrobras? Nesta quinta-feira a companhia deve divulgar seu resultado do primeiro trimestre e a expectativa é que apresente um prejuízo de 130,4 milhões de reais, ante um lucro de 5,3 bilhões de reais do primeiro trimestre do ano passado. As coisas começaram a degringolar ano passado a partir do segundo trimestre — no ano, a empresa perdeu 34 bilhões de reais.
Com dívidas que passavam dos 390 bilhões de reais no fim do ano passado e um plano de desinvestimentos que caminha a passos lentos, a Petrobras vive uma situação complicada. Como sua maior acionista é a União, as coisas podem mudar a partir de hoje, para melhor ou pior.
Michel Temer deve substituir o presidente Aldemir Bendine, nome de confiança do PT. Temer ainda não tem um nome definido e Bendine deve permanecer o cargo por pelo menos mais um mês. “É preciso cautela porque Bendine é bem visto por boa parte do mercado. Qualquer mudança tem que ser feita por gente muito qualificada”, diz Márcio Holland, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Especialistas ressaltam que um passo necessário ao novo governo é traçar metas de longo prazo para a empresa. “Hoje, a única ordem na Petrobras é tentar vender o máximo de ativos a curto prazo, mas ninguém sabe o que a companhia se tornará depois disso”, diz um executivo do setor. Além de vender ativos, é quase unânime a percepção de que a estatal precisará de um novo aporte para reorganizar a casa. São necessários cerca de 100 bilhões de reais para quitar as dívidas que vencem este ano e no próximo.
A aprovação de algumas medidas no âmbito político podem ajudar a convencer investidores a colocar mais dinheiro na estatal. Temer estuda acabar com a política de conteúdo local e a obrigatoriedade de a Petrobras ser a operadora em todos os campos de exploração do pré-sal. As medidas foram adotadas durante o governo do PT e o entendimento é que essas regras representam um encargo muito pesado para a estatal.
Por enquanto, investidores estão otimistas. As ações da companhia subiram 50% no ano — ajudadas também pela valorização no preço do petróleo. O desafio, a partir de amanhã, é fazer os fatos combinarem com as expectativas.