Mercados

Ouça o que eles dizem antes de investir

Um levantamento inédito feito pela Fundação Getulio Vargas e pela Thomson Financial, a pedido do Guia EXAME de Investimentos Pessoais, mostra os analistas que mais acertaram nas previsões sobre a bolsa

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 20h55.

Os relatórios de análises de ações produzidos pelas corretoras são um dos principais meios de que o leigo dispõe para se informar sobre a bolsa de valores e decidir em quais empresas investir. São textos que descrevem a situação financeira das companhias abertas e recomendam comprar ou vender determinados papéis, estimando o potencial de alta ou de baixa para eles nos meses seguintes. A qualidade dessas previsões, porém, varia muito. Para criar uma referência para os investidores, EXAME publica o primeiro levantamento do mercado brasileiro que mostra quais são os melhores analistas de ações do país. A pesquisa foi feita pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas, com base no banco de dados Thomson One Analytics, da consultoria Thomson Financial.

Foram analisados centenas de relatórios produzidos por 70 analistas das 25 maiores corretoras do país entre julho de 2004 e junho de 2006. A FGV comparou a recomendação feita por esses profissionais com o desempenho real da ação na bolsa em cada semana, quinzena e mês e atribuiu notas a erros e acertos. Com base nesse sistema de avaliação, criou um ranking e duas categorias de premiação -- a melhor empresa e o melhor profissional de análise de ações do mercado. Os vencedores foram, respectivamente, a Merrill Lynch e os analistas Gilberto Pereira de Souza e Luiz Carlos Cesta, da Itaú Corretora.

As empresas vencedoras
O ranking das melhores corretoras do país
10 Merrill Lynch
20 Deutsche Bank
30 Bradesco
40 Santander
50 Bear, Stearns & Co.
60 Itaú
70 Pactual
80 Fator
90 Brascan
100 Socopa
Fontes: FGVe Thomson One Analytics

Com 21 analistas que cobrem 46 empresas, a Merrill Lynch acertou 51% das previsões que fez nos últimos dois anos. Segundo Pedro Martins, chefe da área de pesquisas de ações do banco, o que determina uma avaliação de empresas bem- feita é a garimpagem de informações exclusivas, que a maior parte dos analistas do mercado não faz. "É preciso sair do lugar-comum da análise de números do balanço financeiro", diz. "O analista deve visitar as empresas e conversar com freqüência com seus executivos. Só assim conseguirá as melhores informações." Essa é a rotina de Marcelo Aguiar, analista da Merrill Lynch e segundo colocado entre os melhores profissionais do ranking FGV/Thomson. Todos os dias, Aguiar conversa com os diretores de relações com investidores das oito empresas de siderurgia e papel e celulose que acompanha. Também visita os escritórios de companhias como Aracruz, Gerdau, Usiminas e Votorantim e, uma vez por mês, viaja para conhecer fábricas.

Para Aguiar, ser especializado nos setores que acompanha é outro pré-requisito para fazer boas análises. "Para obter mais subsídios para fazer previsões sobre uma empresa, procuro antes fazer uma análise econômica do Brasil e de outros países, como China e Estados Unidos. Depois, analiso o setor em que a companhia atua." Usando essa técnica, Aguiar foi um dos poucos a recomendar a compra da Aracruz no fim de 2005. A maioria dos profissionais sugeria sair do setor de papel e celulose, já que as receitas estavam em queda pelo declínio das exportações. Aguiar, porém, acreditava que o preço da commodity subiria lá fora após o fechamento de fábricas na América do Norte. Estava certo. Neste ano, até o fim de agosto, as ações da Aracruz subiram 25%, o triplo da alta do Índice Bovespa.

Detalhismo e especialização também fazem parte da receita de Gilberto Pereira de Souza e Luiz Carlos Cesta, os dois analistas premiados da Itaú Corretora. Eles formam uma equipe que acompanha 18 empresas de gás, petróleo e petroquímica -- e acertaram 63% das estimativas dos últimos dois anos, segundo a FGV. Para conseguir mais precisão, Souza e Cesta avaliam não só as companhias abertas desses setores -- que são dez -- mas também suas subsidiárias, mesmo que fora da bolsa. Isso faz diferença num setor formado por grandes conglomerados. A petroquímica Braskem, por exemplo, controla três empresas -- Copesul, Politeno e Petroflex. "Cobrindo toda a cadeia, conseguimos uma visão mais ampla", diz Souza.

Ter bons analistas de mercado é um dos principais diferenciais competitivos das corretoras. "O cliente quer saber que pode contar com recomendações confiáveis sobre o que comprar e o que vender", diz Roberto Nishikawa, presidente da Itaú Corretora. A preocupação, porém, é recente. A procura por esses profissionais intensificou-se nos últimos dois anos, em razão do maior interesse das pessoas físicas pela bolsa. A Itaú Corretora, por exemplo, dobrou sua equipe desde 2004. "Antes disso, os investidores olhavam mais para a renda fixa", diz Homero Amaral, presidente da Associação Nacional das Corretoras. Agora, porém, os bons analistas passaram a ser disputados. Foi o que ocorreu com Souza e Cesta, que aceitaram, no fim de agosto, um convite para trabalhar na corretora Espírito Santo. "Todas as instituições estão preocupadas em reforçar suas equipes", diz Nishikawa.

Os profissionais vencedores
Quem são os melhores analistas de ações
10 Gilberto Pereira de Souza e Luiz Carlos Cesta (Itaú)
20 Marcelo Aguiar (Merrill Lynch)
30 F. Rowe Michels (Bear, Stearns & Co.)
40 Marcel Moraes (Bradesco)
50 Roger Downey (Credit Suisse)
60 Valder Nogueira (Santander)
70 Ana Cristina Ibri (Bradesco)
80 Ricardo Araújo Silva (Itaú)
90 José Baltieri e Marcelo Aranha (Fator)
100 Victor Galliano (HSBC)
Fontes: FGVe Thomson One Analytics
Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Mercados

Ouro fecha semana em recorde histórico, acima de R$ 13,8 mil por onça

Ibovespa inverte sinal e se afasta na máxima histórica

Ações da Bayer disparam após vitória na Justiça dos EUA

B3 divulga 2ª prévia do Ibovespa para janela de setembro a dezembro de 2024; veja como ficou

Mais na Exame