S&P: os compradores de baixa voltaram ao mercado. As ações subiram em quatro das últimas cinco sessões, elevando o índice quase 7% (Bloomberg/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 27 de maio de 2022 às 09h50.
As ações americanas já caíram o suficiente? Os otimistas se munem de métricas de avaliação de preços para dizer que sim, mas com muitas ressalvas.
Depois de cair 15% este ano, o S&P 500 é negociando em torno de 4.000. De acordo com analistas acompanhados pela Bloomberg, as empresas do índice vão lucrar US$ 248 por ação no próximo ano. Divida o preço pelo lucro e o resultado é um múltiplo futuro de 16 - mais ou menos em linha com a média de três décadas. Portanto, não estariam baratas, mas talvez a preços razoáveis.
Os compradores de baixa voltaram ao mercado. As ações subiram em quatro das últimas cinco sessões, elevando o índice quase 7% em relação à mínima intradiária de sexta-feira passada. Um dólar enfraquecido, comentários menos hawkish do Fed e balanços melhores de algumas varejistas ajudaram a puxar a alta.
Por trás das compras está uma esperança que os cerca US$ 8 trilhões perdidos em valor de mercado desde janeiro tenham deixado os preços menos vulneráveis a choques econômicos.
“Um dos meus pensamentos gerais sobre o mercado é que ele representa um valor incrível”, disse Josh Wein, gerente de portfólio da Hennessy Funds. “E quando você olha empresas individuais, é a mesma coisa.”
Argumentos de que a liquidação foi longe demais foram apresentados por analistas do Goldman Sachs e do JPMorgan, que dizem que a recente ação de preços superestima a probabilidade de uma recessão. Uma recuperação rápida pode ocorrer caso os rendimentos de títulos atinjam o pico, afirmou o Credit Suisse. Por trás de cada previsão está a crença de que as ações já precificaram todo o sofrimento que provavelmente afetará a economia e os lucros.
Então o que poderia dar errado? Muita coisa.
O cálculo nesse tipo de análise é baseado em lucros previstos, cuja confiabilidade é suspeita, especialmente quando o Fed aumenta juros. Os analistas têm um longo histórico de não prever a desaceleração econômica. Um exemplo foi o início de 2008, véspera da crise financeira global. As estimativas na época eram de um ganho de 15% nos lucros do S&P 500.
Tratar coeficientes entre preços e lucros históricos como sinalizadores confiáveis para um piso também é arriscado. Com a inflação em alta e o Fed comprometido com uma campanha agressiva de aperto, o pano de fundo é um dos mais ameaçadores para os valuations de ações em décadas.
Nos mercados em baixa, as ações raramente param de cair quando atingem o nível médio da relação preço/lucro. E ralis como o desta semana são comuns antes de quedas muito maiores.