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Otimismo das ações na China esfria com quebra de expectativa sobre novos estímulos

Autoridades chinesas não anunciaram novas medidas de estímulo

Investidores estavam esperando um novo pacote de até US$ 284 bilhões (Leandro Fonseca/Exame)

Investidores estavam esperando um novo pacote de até US$ 284 bilhões (Leandro Fonseca/Exame)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 8 de outubro de 2024 às 07h14.

Os mercados chineses reabriram nesta terça-feira após o intervalo do feriado de uma semana da Golden Week com os investidores esperando que a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, em inglês) indicasse mais medidas de estímulo. Não foi o que aconteceu.

O Shanghai Composite Index saltou até 10,1% após a abertura, mas fechou a manhã apenas 4,8% mais alto. As ações chinesas em Hong Kong, que foram negociadas durante a Golden Week, caíram, arrastando o índice de referência Hang Seng Index em até 10,1%, que fechou a manhã com queda de 9,4%, apagando quase todos os ganhos dos dias anteriores.

O índice CSI 300, que subiu por nove sessões consecutivas até 30 de setembro antes do intervalo da Golden Week, impulsionado por um megapacote  que incluiu cortes nas taxas de juros, liberação de dinheiro para bancos e suporte para ações, terminou "apenas" 5,9% mais alto.

A sessão de terça-feira, no entanto, viu o volume de negócios em Xangai e Shenzhen aumentar para um valor sem precedentes de 3,43 trilhões de yuans (US$ 486 bilhões). Isso superou o recorde anterior visto em 30 de setembro, quando o CSI 300 subiu 8,5% em seu maior aumento em um dia desde 2008, segundo a Bloomberg.

Falas que não empolgaram

O presidente do NDRC, Zheng Shanjie, descreveu a economia da China como "estável" e mostrando "progresso", dizendo que os fundamentos não mudaram e que há confiança em atingir sua meta de crescimento econômico de cerca de 5%.Apesar do tom positivo, ações e commodities caíram devido à falta de mais medidas específicas.

Muitos de seus comentários apenas reafirmaram compromissos anteriores de que a China expandirá suas políticas a empréstimos para empresas de médio porte, acelerará os gastos do governo local com vendas de títulos, emitirá títulos soberanos com vencimento longo em 2025 e aumentará os subsídios para estudantes.

Ele reiterou a necessidade de estabilizar o mercado imobiliário, mas não deu detalhes sobre como fazer isso. A falta de novas medidas decepcionou os investidores, que estão cientes de outros riscos, incluindo a eleição dos EUA e os vários conflitos no Oriente Médio. Muitos dos investidores tiveram a impressão  que a China voltou ao mercado não com um "estrondo, mas com um "gemido".

Decepção

Investidores globais estavam esperandoum pacote fiscal entre 1,5 trilhão e 2 trilhões de yuans (US$ 213 bilhões a US$ 284 bilhões) no curto prazo, com uma possível expansão fiscal adicional de 2 trilhões a 3 trilhões em 2025 (US$ 284 bilhões a US$ 426 bilhões).

A expectativa de alguns agentes do mercado era ainda maior: variava entre 2 trilhões e mais de 10 trilhões de yuans, o que representaria 1,6% a 8% do Produto Interno Bruto (PIB).

Caso o governo anunciasse esse pacote de estímulos e “implemente rapidamente”, o UBS previa que o crescimento do PIB para 2024 pudesse chegar a 4,8%. As previsões atuais para o PIB da China são de 4,6% em 2024 e 4% em 2025, já assumindo algum apoio fiscal.

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