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Os setores da bolsa que mais se beneficiam com a chegada de uma vacina

Notícias sobre vacina motivam busca por ações que mais sofreram durante a pandemia; veja quais são

Vacina: resultado de teste apresentado no início da semana motivou fortes altas na bolsa (Siphiwe Sibeko/Reuters)

Vacina: resultado de teste apresentado no início da semana motivou fortes altas na bolsa (Siphiwe Sibeko/Reuters)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 19h38.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 20h20.

A notícia de que a vacina da Pfizer teve eficácia de 90% em resultados preliminares da última fase de testes provocou uma verdadeira euforia no mercado financeiro. Com a esperança de que a solução para a pandemia esteja mais próxima do que nunca, os principais índices de ações do mundo inteiro passaram por fortes valorizações, que se estenderam até esta quarta-feira, 11.

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Algumas bolsas, como a da França e da Espanha, chegaram a subir mais de 9% nos dos primeiros dias da semana, enquanto o Ibovespa, no Brasil, superou 4% de alta. Mas nem todas as ações se beneficiaram de forma igual. Apoiados no otimismo sobre a vacina, foram os papéis que mais sofreram durante a pandemia que absorveram as maiores altas. E mesmo que algumas dessas ações passem por uma realização de lucro de curtíssimo prazo, o reposicionamento dos investidores pode estar só começando.

“Ainda há espaço para que notícias relacionadas à vacina siga trazendo movimento de alta”, afirma Henrique Esteter, analista da Guide investimentos.

Confira quais são os setores que mais podem se beneficiar com a (ou expectativa de) chegada de uma vacina.

Viagens

Atingido por medidas de restrição e dólar alto, a indústria de viagens tem atravessado uma tempestade perfeita. E o efeito disso tudo se reflete nas ações do setor, que acumulam as maiores quedas do ano. Segunda ação com a maior desvalorização do Ibovespa, a CVC (CVCB3) tem queda de mais de 60%. Azul (AZUL4) e GOL (GOLL4), que chegaram a ter suas receitas reduzidas a 10% do que foi no ano passado, acumulam perdas de 50% na bolsa. A empresa de milhas Smiles (SMLS3) não fica atrás. Embora possam se beneficiar a ponto de subirem quase 20% em apenas um pregão, como foi na segunda-feira, 9, a alta volatilidade desses papéis pode resultar em duras perdas, sendo sensíveis ao avanço da segunda onda de coronavírus e possíveis empecilhos no andamento das vacinas.

Restaurantes

Impactados por medidas de isolamento, os restaurantes seguem sofrendo os impactos da pandemia. Depois da eclosão da doença obrigar IMC (MEAL3) e Burger King Brasil (BKBR3) fecharem suas portas contra o risco de contaminação, as marcas da pandemia seguem presentes. No terceiro trimestre, a receita do Burger King foi de 292,7 milhões de reais, menos da metade registrado no mesmo período do ano passado. Na bolsa, os papéis da companhia acumulam perdas de 35% no ano e os da IMC, de 60%.

Bancos

“Com uma vacina chegando, há menos chance de o governo insistir em limitar o pagamento de dividendos dos bancos”, afirma André Machado, trader e fundador do projeto Os 10%. Até o fim de 2020, os bancos estão proibidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de pagarem dividendos além do mínimo exigido, de 25%. A decisão serviu para assegurar que, caso necessário, os bancos tenham liquidez suficientes para atravessar a crise econômica, sem provocar também uma crise bancária. “A hora que realmente tiver uma vacina e todo mundo voltar a procurar emprego será tirado uma serie de incertezas sobre a inadimplência dos bancos”, diz.

Shoppings

Para as administradoras de shoppings centers, a pandemia veio acompanhada de menores taxas de ocupação e queda dos preços dos aluguéis. Mesmo após alguma recuperação no terceiro trimestre, após reaberturas, os números seguem abaixo dos registrados antes da pandemia. “O setor foi muito impactado pela pandemia e necessidade de distanciamento social. Com uma vacina, as pessoas devem a voltar a frequentar esses locais, o que tende a ter uma resposta positiva nessas empresas”, diz Esteter. Entre os papéis do setor listados na bolsa estão os da Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGUA3) e BrMalls (BRML3).

Vestuário

Altamente impactadas pelo fechamento de portas durante a quarentena e pelo menor movimento em suas lojas após as reaberturas, as empresas de vestuário têm as maiores quedas entre as varejistas da bolsa. Isso porque, embora as vendas do varejo estejam em patamares elevados devido ao auxílio emergencial, a dependência das lojas físicas tem jogado contra. Embora tenham investido em vendas digitais, sua participação ainda é pouco significante. No terceiro trimestre, a Renner (LREN3), considerada um dos principais players do setor, conseguiu mais do que triplicar as vendas digitais em relação, mas elas sequer alcançaram um quinto das vendas totais. Em empresas como a Magazine Luiza (MGLU3), o percentual supera 50%.

Petroleiras

A pandemia trará lembranças amargas para a indústria do petróleo, que, com a baixa demanda e incertezas, viu os preços da commodity tocar o patamar negativo pela primeira vez. “Tudo que a gente vê é petróleo. Então, se consome menos, naturalmente, consome menos petróleo. Então isso derruba também o preço do petróleo”, comentou Pablo Spyer em live recente na Exame. Embora o otimismo sobre a vacina tenha feito o preço do barril de petróleo subir mais de 10% desde segunda-feira, 9, a queda acumulada no ano supera 30%. “Distribuidoras de combustíveis e a Petrobras não são diretamente impactadas pelo noticiário da vacina, mas são impactadas por consequência da retomada global”, explica Ester.

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