Ambev: risco de mudanças tributárias (Paulo Fridman/Bloomberg/Site Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 29 de maio de 2023 às 19h01.
Última atualização em 29 de maio de 2023 às 19h20.
Para a equipe do Itaú BBA, as melhorias operacionais da Ambev (ABEV3) são evidentes, mas não suficientes para anular o potencial efeito de mudanças propostas na reforma tributária tampouco o impacto do ambiente de hiperinflação na Argentina. A equipe de analistas revisou as projeções para a companhia e reduziu o preço-alvo de R$ 18 para R$ 17 e manteve a recomendação neutra para o papel em relatório distribuído nesta segunda-feira, 29, aos clientes.
Um dos pontos destacados pela equipe como favoráveis à ação da Ambev é a divisão de Cerveja Brasil, onde são esperadas melhorias nas margens e redução nos custos de produção ao longo de 2023. A projeção é de uma tendência de queda nos custos por hectolitro, impulsionada por preços favoráveis de commodities, como alumínio, milho e cevada, além do impacto positivo da valorização da moeda brasileira.
"O momento operacional da Ambev está se acelerando, com o segmento de Cerveja Brasil devendo continuar apresentando forte desempenho nos próximos anos", escrevem os analistas.
No entanto, o relatório alerta para a existência de desafios que podem afetar a avaliação da Ambev. Entre eles estão a hiperinflação na Argentina, que pode ter impacto negativo nos resultados, passivos fora do balanço que podem se tornar provisões e a possível exclusão de incentivos fiscais, principalmente relacionados a juros sobre capital próprio (JCP). A companhia é uma das maiores pagadoras de JCP listadas na bolsa.
"Embora a ação pareça atraente em relação à sua média histórica de 20x, negociada a 15x os números projetados para 2023, a falta de visibilidade sobre questões com potencial de impacto significativo no valuation da Ambev nos torna cautelosos na tese de investimento no curto prazo e sustenta nossa classificação de neutro para o papel", escrevem.