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O que explica a forte queda da bitcoin

Moeda, que chegou a encostar nos 19 mil dólares em 2017, agora vale menos de 10 mil dólares

Bitcoin: derrocada (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

Bitcoin: derrocada (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 11h04.

Última atualização em 17 de janeiro de 2018 às 14h30.

São Paulo -- A bitcoin perdeu, só nas últimas 24 horas, 21% de seu valor. Por volta das 13h20 (horário de Brasília), a criptomoeda era cotada a pouco mais de 9,4 mil dólares, segundo o site especializado Coindesk.

A forte queda nos últimos dias contrasta com o desempenho da moeda em dezembro de 2017, quando ela bateu a marca dos 19,3 mil dólares.

A derrocada atual é difícil de ser explicada com apenas um fato. Ontem, até hackers norte-coreanos foram apontados pelo jornal Wall Street Journal como responsáveis por ataques que ajudaram na queda da moeda. O governo da Coreia do Norte estaria financiando roubos e a mineração da moeda para ter novas fontes de financiamento.

Outra preocupação vem da Coreia do Sul. Recentemente, o governo local afirmou que estuda banir a negociação com criptomoedasEm meio à ofensiva, autoridades passaram, inclusive, a fiscalizar as corretoras do país. A decisão é importante porque a Coreia do Sul é um dos principais mercados das moedas digitais.

O site de notícias sul-coreano Yonhap informou que o ministro das Finanças, Kim Dong-yeon, disse que o governo vai chegar a um conjunto de medidas para conter o investimento “irracional” na moeda digital. O país, no entanto, pretende prover um "grande suporte à pesquisa e desenvolvimento relativos à tecnologia da blockchain”.

A China também pretende impor restrições, sobretudo em relação à mineração -- o mecanismo de resolução de problemas matemáticos por computadores que dá origem à novas moedas. Atualmente, cerca de 80% das bitcoins são mineradas em território chinês. A concentração se dá pelas facilidades que o país oferece, como o baixo custo de energia elétrica. 

O país, que já havia proibido as negociações com moedas digitais no ano passado, deve apertar (ainda mais) o cerco contra as criptomoedas. De acordo com a Bloomberg, o país vai se concentrar em plataformas online e aplicativos que funcionem como corretoras de câmbio.

Quem também pode aumentar o rigor com as moedas é a Rússia. Segundo o serviço de notícias TASS, o presidente russo Vladimir Putin disse, recentemente, que uma "regulamentação legislativa será necessária no futuro" para criptomoedas.

André Miceli, professor da Fundação Getúlio Vargas, acredita que as discussões que ocorrem agora na Rússia e em outros países são o primeiro passo para a regulamentação das criptomoedas.

"O que os governos buscam agora é coibir práticas criminosas. Mais para frente, o objetivo será de proteção dos sistemas financeiros", explica Miceli. "Não acredito que as moedas digitais deixarão de existir, mas muitos países irão limitar seu uso, seja estabelecendo um valor máximo para as transações ou determinando que ela só seja usada como meio de pagamento em alguns setores."

Para Miceli, a queda atual dos preços da bitcoin é um movimento de realização de lucros. "As pessoas estão comprando bitcoins como se elas fossem ações, esperando ganhar com a subida dos preços", diz ele. "Muita gente aproveitou as mudanças recentes para venderem uma parte de suas moedas e lucrar."

- (Coindesk/Reprodução)

Efeitos

A bitcoin não é a única moeda a ser impactada. Nesta quarta-feira, as 20 maiores criptomoedas do mundo recuam mais de 10%, segundo o site Coin Market Cap.

A Ethereum, por exemplo, recua mais de 20%, para 888 dólares, enquanto a Ripple cai 24,9% e a Bitcoin Cash, 18%.

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