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Unifique, Brisanet e WDC: por que a fibra óptica domina os IPOs

Companhias 'novatas' que atuam com banda larga se capitalizam para ampliar investimentos de olho no 5G e simbolizam expansão dos negócios do setor

Sócios-fundadores e executivos da Livetech da Bahia, também conhecida como WDC Networks, na cerimônia de estreia na B3 nesta segunda-feira, 26 de julho de 2021 | Foto: Cauê Diniz/B3 (Cauê Diniz/B3/Divulgação)

Sócios-fundadores e executivos da Livetech da Bahia, também conhecida como WDC Networks, na cerimônia de estreia na B3 nesta segunda-feira, 26 de julho de 2021 | Foto: Cauê Diniz/B3 (Cauê Diniz/B3/Divulgação)

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Beatriz Quesada

Publicado em 27 de julho de 2021 às 06h20.

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A semana é quente para o setor de telecomunicações na bolsa brasileira, a B3, com três estreias de empresas consecutivas. Nesta terça-feira, 27, a Unifique (FIQE3) inicia sua negociação na B3 após concluir a sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O dia também será marcado pela precificação dos papéis da Brisanet (BRIT3), que estreia na bolsa na quinta-feira, 29, se a oferta correr conforme o planejado.

A empresa do setor que abriu o caminho, no entanto, foi a Livetech da Bahia (LVTC3), também conhecida como WDC Networks, cujas ações começaram a ser negociadas ontem, dia 26.

O que as três empresas têm em comum? O foco em fibra óptica.

“Quando esses negócios começaram, o investimento inicial em fibra óptica não era tão alto porque parte da infraestrutura já era provida por grandes telecoms. Isso permitiu o crescimento de pequenas empresas nesse mercado, a ponto de estarem prontas para entrar na bolsa”, explica Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos. 

De olho no movimento, as gigantes do setor já são incomodadas. “Com a capitalização na bolsa, essas empresas podem investir no crescimento de fibra óptica e até mesmo buscar uma fatia regional do 5G, atacando o core das operadoras – que é a telefonia móvel”, argumenta Akamine. Segundo o analista, a chegada das novatas à bolsa ajuda a explicar em parte as quedas recentes das ações da Oi (OIBR3, OIBR4), que recuaram quase 30% na bolsa na última semana

Disputa pelo 5G

Considerada por especialistas como a maior oferta de 5G do mundo, o leilão da internet móvel de quinta geração é alvo de disputa entre as empresas de telecomunicações. No segundo semestre, serão leiloadas faixas de radiofrequência para operação em nível nacional e regional. E é neste segundo escopo que empresas como Brisanet e Unifique podem ter vantagem. 

A Brisanet foi fundada na cidade de Pereiro, no Ceará, e é a maior telecom do Nordeste, com foco em cidades do interior. Já a catarinense Unifique é líder em fibra óptica no Sul do país e tem planos de usar o capital levantado no IPO para se expandir na região. 

As duas companhias apontaram em seus documentos de oferta que pretendem se aproveitar da forte atuação regional para entrar no mercado de 5G. O prospecto da Brisanet afirma que a transição para o 5G tem o potencial de “criar uma barreira relevante para as operadoras nacionais de telecomunicações no interior", uma vez que o leilão deve contemplar o compromisso de atender com 5G cidades com menos de 30.000 habitantes.

A WDC, por outro lado, tem atuação internacional e oferece uma gama de produtos para além da fibra óptica, que incluem desde cibersegurança até geradores de energia solar. Isso não significa, no entanto, que o 5G não esteja entre os principais focos da companhia. 

“Esperamos capturar parte do crescimento deste mercado através do fornecimento de equipamentos que façam parte da infraestrutura necessária para o funcionamento adequado da tecnologia 5G”, afirma o prospecto da empresa. Isso inclui funcionalidades como infraestrutura de base de torre e cabeamento.  

Consolidação do mercado

Com novas telecoms chegando à bolsa, é possível que a demanda dos investidores fique inicialmente dividida entre os papéis, para depois se consolidar em alguns players vencedores. 

“Acredito que há demanda para as três empresas que estreiam nesta semana na bolsa, mas existem diversas pequenas companhias que podem se listar no futuro”, afirma Max Bohm, analista da Empiricus. “Assim como aconteceu com as empresas de tecnologia no ano passado, algumas empresas serão escolhidas e outras ficarão para trás”, completa.

O mercado de telecomunicações ainda é muito fragmentado no Brasil, o que abre espaço para consolidação tanto para as líderes regionais quanto para as gigantes do setor. “É possível que essas empresas regionais sejam adquiridas por grandes telecoms. É muito mais fácil comprar uma companhia menor, com alto nível de satisfação, do que investir para entrar em uma região que não conhece profundamente”, diz. 

Uma das líderes do setor é a Oi, que escolheu a banda larga fixa com foco na fibra óptica como seu ramo principal de negócios depois de se desfazer -- ainda falta aprovação do Cade, o órgão de defesa da concorrência -- da divisão de telefonia celular e de ativos de infraestrutura. A tele atua com a Globenet como sócia estratégica.

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