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Mesas de trading da Argentina passam do caos à calma inquietante

Oscilações diárias de até 15% caíram para não mais de 0,4% em uma semana

Eleições na Argentina (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Eleições na Argentina (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

TL

Tais Laporta

Publicado em 13 de setembro de 2019 às 07h30.

Última atualização em 13 de setembro de 2019 às 07h30.

Um ano de atividade frenética nas mesas de câmbio dos principais bancos da Argentina sofreu uma parada repentina.

A imposição de controles de capital em 1º de setembro reduziu os volumes, ao mesmo tempo em que estabilizou o peso, a moeda com pior desempenho do mundo este ano. As oscilações diárias de até 15% caíram para não mais de 0,4% no período de uma semana.

Uma operadora, que pediu para não ser identificada porque não tem permissão para falar sobre a situação de seu banco, disse que já não precisa chegar cedo no escritório e, enquanto está na mesa, passa o tempo lendo sobre outros assuntos. Os colegas aproveitam para resolver pendências.

Muitos traders temem que o novo período de calma tenha vindo para ficar e que seus empregos estejam em risco. Os controles cambiais implementados para segurar a desvalorização do peso e defender as reservas internacionais do banco central puxaram o tapete do mercado. As negociações diminuíram ao mínimo, pois as empresas só podem negociar moedas para operações de comércio exterior.

A negociação de títulos de dívida também diminuiu com os controles de capital, já que agora investidores estrangeiros não podem retirar seus recursos do país tão facilmente.

A apenas alguns quarteirões de distância das mesas de câmbio localizadas nas torres mais altas do centro de Buenos Aires, escritórios de pequenas corretoras estão com muito trabalho.

Os controles de capital criaram oportunidades que muitos argentinos comuns foram rápidos em aproveitar, como as operações de dólar MEP. Funciona assim: as pessoas compram dólares, depois compram títulos denominados em dólares e vendem os papéis por pesos no mercado local. O diferencial entre a taxa de câmbio oficial e a taxa MEP rende um lucro de 7%, enquanto permite à contraparte retirar dinheiro do país.

"Está difícil dar conta", disse Federico Grand, da Guardati Torti, um corretor de grãos da Ciudad de Rosario. Alguns clientes vão à corretora três vezes ao dia.

A única desvantagem é o limite mensal de US$ 10 mil para compras de dólares por argentinos comuns.

"A notícia da oportunidade de negociação está se propagando como fogo", disse Grand. "Alguns clientes gastaram todo o limite somente na semana passada."

O aumento da atividade também proporcionou algum alívio aos operadores de câmbio agora ociosos.

A mesa está praticamente fechada, disse um operador, que trabalha em um dos principais bancos da Argentina e não quis ser identificado. Agora, ele e os colegas ajudam outras áreas do banco para passar o tempo.

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