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Por que os mercados não colapsaram após a pior inflação dos EUA em 40 anos

A reação natural a uma alta inflacionária como essa deveria ser uma queda das bolsas de valores, mas isso acabou não acontecendo

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Wall Street reagiu bem à inflação (Shutterstock/Shutterstock)

Wall Street reagiu bem à inflação (Shutterstock/Shutterstock)

C
Carlo Cauti

Publicado em 13 de julho de 2022, 17h40.

Última atualização em 13 de julho de 2022, 17h56.

Os dados sobre a inflação nos Estados Unidos divulgados nesta quarta-feira, 13, mostram a maior alta dos preços na principal economia do mundo nos últimos 40 anos.

A inflação americana subiu 1,3% em junho, acima das projeções que indicavam alta de 1,1%. No acumulado do ano, chegou em 9,1%, superando as previsões de 8,8%.

Entretanto, ao contrário das previsões, os mercados americanos não despencaram.

A reação natural a uma alta inflacionária como essa deveria ser uma queda das bolsas de valores, já que a consequência será uma forte elevação das taxas de juro por parte do Federal Reserve (Fed).

Os mercados já estão precificando um cenário de mais 100 pontos-base, o que levaria os juros na faixa entre 2,5% e 2,75%.

No entanto, os mercados se mantiveram aparentemente firmes.

O índice S&P 500 fechou em queda de 0,45%, mas mantendo a faixa dos 3,8 mil pontos. O Nasdaq (em tese o mais sensível a altas de juros), caiu até menos, apenas 0,15%, após um pregão onde manteve o território positivo durante quase todo o dia. E o Dow Jones perdeu 0,67%.

Por que os mercados não caíram

Tirando a volatilidade do início do pregão, a reação contida demostra que, nesse momento, a atenção dos investidores mudou completamente de foco, passando da inflação para a recessão.

Aparentemente, os investidores estão convencidos que os Estados Unidos chegaram no pico da inflação, e que esses valores tão elevados irão diminuir nas próximas semanas.

O que agora parece mais importante é entender quais danos uma recessão poderia causar à economia real.

Uma recessão que o Fed parece quase querer gerar, com essa política monetária restritiva, provavelmente para tentar "pilotar" o seu desfecho.

Mas se as bolsas de valores seguraram com a notícia sobre a inflação, agora a atenção estará toda nos resultados do segundo trimestre, cuja temporada de divulgação iniciará nesta quinta-feira, 14.

Dr. Cobre poderia ser sinal do começo da recessão

O mercado está de olho nos sinais de possível recessão.

O cobre, que os americanos chamam de Dr Copper ("Dr. Cobre"), evocando sua capacidade diagnóstica de antecipar o ciclo econômico, perdeu 25% desde meados de junho. Primeiro sinal de crise chegando.

A curva de juros dos títulos do Tesouro dos EUA, outra referência para possíveis crises, reverteu pela primeira vez em abril passado e voltou abaixo de zero por algumas semanas. Segundo sinal de crise.

Por último, mas talvez o mais importante, seja o o spread da rentabilidade dos títulos da dívida pública americana de dez anos e de três meses, que está diminuindo rapidamente, passando dos 230 pontos de maio para os 60 de hoje.

Se esse diferencial dos juros chegasse a zero, tecnicamente os bancos americanos (que emprestam com vencimentos de três meses e ganham na parte longa da curva) não teriam mais incentivos para emprestar dinheiro.

Mais um sinal claro de que os investidores estão se concentrando no tema da recessão.

A partir desta quinta-feira, os resultados trimestrais — inaugurados pelo JPMorgan (JPMC34) — serão o verdadeiro teste. Pois se os lucros começarem a cair — cenário provável por causa da força do dólar em relação ao câmbio com outras moedas do mundo — os gestores terão de pegar a calculadora e reprecificar o valor dos ativos.

E nesse caso a inflação será, para os mercados, realmente o último dos problemas.

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