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Mercado bate recorde de captação em 2021, diz Anbima

Volume levantado avança 60% e atinge nova marca histórica; para 2022, cenário deve ser mais desafiador

Foram 596 bilhões de reais levantados em emissões no último ano | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
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Beatriz Quesada

Publicado em 12 de janeiro de 2022 às 12h03.

Última atualização em 12 de janeiro de 2022 às 13h18.

O mercado de capitais brasileiro bateu seu recorde de captação em 2021 segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 12, pela Anbima, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.

Foram 596 bilhões de reais levantados em emissões no último ano – um número 60% maior do que o registrado em 2020. Mesmo considerando o período de 2019, quando a base de comparação ainda não havia sido afetada pela pandemia, o crescimento é de 38%.

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Entre as emissões em renda variável, o volume captado foi de 128 bilhões de reais, contra 116 bilhões de reais no ano anterior – um avanço de 10%. O grupo inclui emissões primárias de ações, os IPOs, e as secundárias, de empresas que já tem capital aberto na bolsa, via follow-ons.

Já na renda fixa e híbridos, a captação cresceu 81%, passando de 257 bilhões de reais para 467 bilhões de reais. O segmento inclui debêntures, notas promissórias, Fundos Imobiliários (FIIs), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).

“São números muito fortes no geral, em todos os mercados. Apesar de 2021 não ter sido positivo para o crescimento econômico, foi um ano espetacular para o mercado de capitais”, afirmou José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, em conversa com jornalistas nesta manhã.

O cenário macroeconômico, no entanto, já começa a afetar os números e as perspectivas. Com as taxas de juros passando de 2% no início do ano para 9,25% no final de 2021, o volume de captação em renda variável despencou 91% entre o terceiro e o quarto trimestres – caindo de 48 bilhões de reais captados para apenas 4 bilhões de reais. As captações também sofreram com o avanço da inflação e com as constantes revisões para baixo no PIB – cuja projeção para este ano já está abaixo de 0,4%.

A derrocada de 2021 indica um 2022 mais desafiador para opções mais arriscadas de investimentos, como a renda variável. O obstáculo deve ser ainda maior com as eleições presidenciais em outubro, que tradicionalmente deixam o ambiente de investimentos ainda mais volátil.

Ainda assim, Laloni acredita que o mercado deve mostrar resiliência. “O mercado brasileiro mudou de patamar. Podemos ter um ano mais desafiador, com realocação de portfólio, mas o fluxo que saiu das opções tradicionais de investimento – como poupança, CDBs, LCAs e LCIs – deve continuar migrando para outros produtos de renda fixa e variável. É uma tendência que se mantém com juros a 2% ou a 12%”, defendeu.

A expectativa, no entanto, é que as captações em renda variável percam espaço. Nesse cenário, as emissões de renda fixa têm espaço para continuar a se desenvolver, com emissores buscando operações nesse segmento para se capitalizar.

Os resultados devem ser observados no mercado de fusões e aquisições (M&A). “As movimentações foram muito fortes no mercado de M&A em 2021, muitas delas financiadas por IPOs e follow-ons. Agora é possível que uma captação em renda fixa possa ser usada como financiamento para empresas que buscam oportunidades de fusão ou aquisição”, projeta Laloni.

O vice-presidente da Anbima destaca ainda que o sucesso do volume de captação em renda fixa do último se deve, em grande parte, ao desenvolvimento do mercado secundário. “É algo que traz liquidez e impulsiona o mercado. O investidor sabe que se comprar papéis mais longos vai ter porta de saída no mercado secundário [e não precisa mais carregar até o vencimento]”, argumenta.

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