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Juros disparam com dólar, Treasuries e desconfiança

A equipe econômica, numa ação aparentemente coordenada, tentou passar tranquilidade ao mercado, que parece não ter comprado o discurso


	Bovespa: ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para abril de 2014 (71.265 contratos) estava em 10,04%
 (Alexandre Battibugli/EXAME)

Bovespa: ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para abril de 2014 (71.265 contratos) estava em 10,04% (Alexandre Battibugli/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2013 às 16h06.

São Paulo - As taxas futuras de juros dispararam nesta terça-feira, 4, ainda que tenham fechado abaixo das máximas vistas mais cedo.

A alta consistente do dólar e dos yields dos Treasuries somou-se à contínua desconfiança dos agentes em relação à condução da política fiscal doméstica para gerar ordens de "stop loss" na curva de juros, levando o contrato de DI para janeiro de 2017 a se aproximar do nível de 12%. A equipe econômica, numa ação aparentemente coordenada, tentou passar tranquilidade ao mercado, que parece não ter comprado o discurso.

Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para abril de 2014 (71.265 contratos) estava em 10,04%, de 10,03% no ajuste anterior.

O juro para janeiro de 2015 (338.140 contratos) indicava 10,71%, de 10,62% no ajuste desta segunda-feira, 4. Na ponta mais longa da curva a termo, o DI para janeiro de 2017 (354.770 contratos) apontava 11,86%, ante 11,65% na véspera. A taxa do DI para janeiro de 2021 (22.240 contratos) marcava 12,29%, de 12,05% no ajuste anterior.

Um profissional da área de renda fixa classificou o movimento visto nesta terça-feira no mercado de juros como "stopfest". De acordo com um operador, houve uma conjunção de fatores que puxou os juros domésticos. "Mas o fiscal realmente pesou muito", afirmou. O governo, no entanto, tentou tranquilizar o mercado.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que a política fiscal brasileira está sob ataque especulativo que se expressa na imprensa. Além disso, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, negou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que haja uma crise fiscal no País.

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, repetiu ao Valor Econômico que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá menos recursos para financiar projetos e afirmou ainda que a fórmula de reajuste dos combustíveis não pode comprometer o controle da inflação.


Nesta terça, na entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Augustin disse que a redução dos desembolsos do BNDES faz parte do ajuste da política fiscal ao ciclo da economia.

Nesta tarde, Mantega e a chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, Ideli Salvatti, reuniram-se com os líderes da base na Câmara dos Deputados, num almoço, para discutir o impacto nas contas públicas de projetos em tramitação no Congresso, mas ninguém ainda se manifestou sobre o encontro.

No exterior, a divulgação do índice ISM de serviços dos Estados Unidos contrariou as expectativas de queda e subiu, reforçando a leitura de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) pode começar a reduzir os estímulos à economia no curto prazo, dando força ao dólar e aos yields dos Treasuries.

Às 16h35, o juro do T-note de 10 anos estava em 2,653%, de 2,606% no fim da tarde desta segunda-feira. No Brasil, em meio a isso, o dólar teve alta consistente e terminou cotado a R$ 2,2900 no balcão, com valorização de 1,96%.

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