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Juros absorvem Copom e recuam com delação de Delcídio

As taxas, influenciadas pelo noticiário político, acabaram o dia em queda


	Juros: as taxas, influenciadas pelo noticiário político, acabaram o dia em queda
 (Thinkstock)

Juros: as taxas, influenciadas pelo noticiário político, acabaram o dia em queda (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2016 às 17h31.

São Paulo - Durou pouco a repercussão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no mercado futuro de juros. As taxas, que chegaram ser ajustadas para cima na manhã desta quinta-feira, 3, acabaram o dia em queda, influenciadas pelo noticiário político.

Um acordo preliminar de delação premiada feito pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) gerou forte especulação otimista nos mercados em geral. Com isso, todo o restante do noticiário ficou em segundo plano.

Ao grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato, Delcídio Amaral citou vários nomes, entre eles o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador também detalhou os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, entre outros assuntos.

As primeiras revelações do ex-líder do governo no Senado fazem parte de um documento preliminar da colaboração. Nessa fase, o delator indica temas e nomes que pretende citar em seus futuros depoimentos após a homologação do acordo.

Delcídio foi preso em 25 de novembro, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato e solto em 19 de fevereiro. Desde que saiu da prisão, ele negava ter feito delação premiada.

O impacto da notícia foi forte em todos os mercados e ganhou força à tarde, quando ficou mais nítida a presença de investidores estrangeiros nos mercados de ações e renda fixa.

Com isso, a Bovespa subiu acima dos 4%, o dólar caiu além dos 2% e as taxas de juros fecharam, acompanhando a tendência do dólar e o ingresso de recursos externos na venda de taxas.

A reação positiva dos mercados se explica pela tese de que as informações de Delcídio podem complicar mais a situação da presidente Dilma Rousseff, aumentando as chances de seu afastamento do governo.

Para uma parcela importante do mercado, a saída de Dilma seria a chance de solução dos impasses políticos que vêm impedindo o avanço das medidas de ajuste fiscal no País.

O ex-ministro da Justiça e atual advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, fez uma grave crítica à delação premiada de Delcídio Amaral.

Cardozo acusou o senador de ter mentido na suposta delação e ter construído sua tese de delação por "vingança para sair da prisão". "Tivemos, no conjunto em que eu e a presidente somos citados, um conjunto de mentiras", disse.

Ao final dos negócios no horário regular da BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 tinha taxa de 14,04%, ante 14,06% do ajuste de ontem.

O DI para janeiro de 2018 terminou em 14,26%, de 14,33%. Na ponta mais longa da curva, o vencimento de janeiro de 2021 ficou com taxa de 15,07%, ante 15,30% do ajuste de quarta-feira.

No início do dia, no entanto, ainda houve espaço para uma discreta correção das taxas para cima.

A alta já era esperada pelos economistas logo após o Copom ter decidido pela manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano, em um placar de 6 votos pela manutenção e 2 por um aumento de 0,50 ponto porcentual.

O manutenção do dissenso entre os membros do comitê afastou a possibilidade de cortes de juros no curto prazo, segundo os analistas, o que justificou o ajuste pontual nas taxas.

Outra notícia com repercussão limitada foi o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.

Os dados mostraram que a economia brasileira teve queda de 3,8% em 2015 ante 2014.

O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas consultados pelo AE Projeções, que esperavam uma queda entre 3,70% a 4,00%, que resultou em mediana negativa de 3,90%.

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