Multiplus e Smiles podem ter novo amigo na Bolsa
Programa de fidelidade da companhia aérea Avianca vem ganhando espaço no mercado, e empresa diz estar "aberta a oportunidades"
Anderson Figo
Publicado em 24 de maio de 2016 às 11h22.
Última atualização em 14 de março de 2017 às 21h13.
São Paulo - Ganhando cada vez mais espaço em um segmento promissor no país, o programa de fidelidade "Amigo", da companhia aérea Avianca , pode ter ações listadas na Bovespa , mas a abertura de capital não é iminente, segundo o Santander.
Em relatório divulgado a clientes na última sexta-feira (20), os analistas Henrique Navarro, Bruno Mendonça e Renanta Cabral citaram o crescimento de 50% no número de membros do "Amigo" nos últimos dois anos, para 3,5 milhões.
Eles também mencionaram como pontos positivos o fato de a Avianca ter se tornado membro da Star Alliance (aliança global de companhias aéreas) e o fato de ela ter aumentado seus resgates não vinculados às companhias aéreas para aproximadamente um terço das operações.
"Mas [o programa 'Amigo'] ainda tem apenas cerca de 2% de participação de mercado em resgates; portanto, é muito cedo para realizar um IPO , em nossa opinião", disseram os analistas, que participaram de uma reunião com o responsável pelo programa da Avianca.
"O CEO do Amigo mencionou na reunião que o programa está considerando um IPO no futuro; portanto, 'Amigo' está no processo de se separar da Avianca a fim de melhorar a governança corporativa e facilitar um possível IPO", afirmou o banco em relatório.
Em entrevista a EXAME.com, Tarcísio Gargioni, vice-presidente comercial, de marketing e cargas da Avianca Brasil, responsável pelo programa "Amigo", disse que "não há nada de concreto sobre o processo que foi mencionado pelo Santander ".
O executivo afirmou ainda que "a companhia está sempre aberta a oportunidades".
Aliados
De acordo com o Santander, a criação de parcerias estratégias entre os programas de fidelidade e os grandes bancos têm alterado a dinâmica do setor positivamente.
Os analistas avaliaram que o cenário atual é deferente do que ocorria no passado, quando "era quase impossível" para um grande banco do país não oferecer os benefícios do Multiplus ou Smiles para seus clientes, já que TAM e Gol detinham juntas cerca de 90% do mercado.
"Mas atualmente, com Azul e Avianca ganhando espaço (participação de mercado combinada de 28%), acreditamos que um mercado mais fragmentado pode criar uma situação na qual um banco irá firmar parceria com um programa de fidelização específico", disseram.
É o que aconteceu nos EUA devido ao maior número de companhias aéreas (principalmente regionais) e bancos. "Se isso acontecer, esperamos que os volumes para a Multiplus e Smiles sejam reduzidos."
Para o Santander, Smiles e Multiplus esperariam esse cenário acontecer e reduziriam os preços por milha a fim de manter seu relacionamento com todos os bancos.
Preços
O programa de fidelidade com o menor preço por milha (a ser pago pelos bancos), atualmente, é o da Azul (Tudo Azul), seguido pelo "Amigo", da Avianca, Smiles (Gol) e Multiplus (TAM). Alguns anos atrás, o Smiles tinha os menores preços.
"Nossa conclusão é que os bancos promoveram de maneira bem-sucedida a entrada de marcas de participação de mercado menores (Azul e 'Amigo') com o objetivo de forçar para baixo os preços para a Smiles e Multiplus", disseram os analistas.
Para eles, a Livelo, programa de fidelidade de Banco do Brasil e Bradesco , deve utilizar seu poder de barganha para pressionar os preços sobre os programas de fidelidade.