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Investidor se preocupa com nota brasileira

Segundo analistas, pior cenário para o país seria ter a classificação de risco rebaixada pela Standard & Poor’s (S&P) com a perspectiva "negativa"


	Bolsa de Nova York: segundo gestor de fundo, Wall Street já embutiu nos preços dos ativos brasileiros um eventual rebaixamento da nota pela S&P
 (REUTERS/Brendan McDermid)

Bolsa de Nova York: segundo gestor de fundo, Wall Street já embutiu nos preços dos ativos brasileiros um eventual rebaixamento da nota pela S&P (REUTERS/Brendan McDermid)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 08h05.

Nova York - O possível rebaixamento do rating soberano do Brasil este ano e especulações sobre a sucessão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, concentraram as conversas de executivos de bancos de investimento e economistas em um evento em Nova York para debater perspectivas para o Brasil em 2014. Sem reformas, o país está fadado a crescer entre 2% a 3% ao ano, concluíram os especialistas.

Em ano eleitoral, economistas presentes no evento, realizado no fim da tarde de ontem em um auditório lotado na sede do Bank of America (BofA) não preveem reformas e mudanças na política econômica este ano.

O pior cenário para o País, concluem os especialistas, seria ter a classificação de risco rebaixada pela Standard & Poor’s (S&P) com a perspectiva "negativa". Ou seja, isso indicaria que o País poderia perder em breve o grau de investimento.

Para o gestor responsável por mercados emergentes na Schroders, Jim Barrineau, Wall Street já embutiu nos preços dos ativos brasileiros um eventual rebaixamento da nota pela S&P em um nível e com perspectiva estável. Mas um rebaixamento com perspectiva negativa poderia provocar novos ajustes de preços de ativos brasileiros.

O evento foi organizado como mesa-redonda, com economistas e gestores comentando temas e respondendo perguntas da plateia. Uma das questões foi se um eventual rebaixamento pela S&P poderia fazer a presidente Dilma Rousseff trocar o ministro da Fazenda.

O consultor político de Brasília, Murillo de Aragão, que fez a palestra de abertura, acha pouco provável, pois a troca mostraria que o governo estaria dando demasiada importância ao rebaixamento e é isso que Dilma não quer, sobretudo se o evento ocorrer antes das eleições.


Aragão acha mais provável a mudança no Ministério da Fazenda se Dilma for reeleita. Na plateia, investidores e executivos perguntaram sobre eventuais sucessores. O consultor citou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o atual, Alexandre Tombini, como possíveis nomes.

Os executivos de bancos de investimento também lembraram o nome do atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

A chefe de estratégia do banco de investimento Jefferies para América Latina, Siobhan Morden, avalia que Dilma não tem reagido aos anseios do mercado financeiro, e por isso, qualquer mudança na Fazenda só deve ocorrer depois das eleições.

Para ela, a piora nos últimos anos de indicadores importantes do Brasil minou a confiança dos investidores em Mantega, e se Dilma fosse mais amigável ao mercado o ministro já teria sido trocado.

"Talvez as coisas ainda precisem ficar piores no Brasil para depois melhorarem. Gostaria de ser mais otimista, mas nada indica que as coisas vão mudar muito após as eleições, sobretudo se Dilma vencer por margem ampla de votos."

O evento em Nova York foi organizado pela Trade Association for the Emerging Markets, também conhecida como Emta, uma associação que reúne investidores e economistas focados em mercados emergentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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