Invest

Inflação em alta altera estratégia desta gestora com US$ 47 bi em ativos

Em busca de empresas "defensivas", Causeway opta por ações dos setores de saúde, concessões, energia renovável e produtos de consumo básico

Sarah Ketterer (Patrick T. Fallon/Bloomberg via/Getty Images)

Sarah Ketterer (Patrick T. Fallon/Bloomberg via/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 13 de maio de 2021 às 07h57.

Sarah Ketterer poderia estar se beneficiando do melhor rali em mais de uma década para investidores de ações de valor. No entanto, ela tenta se esquivar da próxima crise, saindo de setores que se recuperaram ao longo da pandemia de Covid-19.

Ketterer, que administra US$ 47 bilhões como diretora-presidente da Causeway Capital Management, está preocupada com o aumento das taxas de juros, com a ameaça de inflação e com possíveis ondas vendedoras repentinas à medida que o Federal Reserve injeta mais liquidez nos mercados financeiros.

A gestora pode ter mais uma preocupação depois que o Departamento do Trabalho informou na quarta-feira que os preços ao consumidor nos EUA subiram em abril no ritmo mais forte desde 2009, o que indica aumento das pressões inflacionárias.

“Com essa nacionalização do risco, com esse tipo de suporte de políticas aparentemente interminável, tudo isso adia o inevitável, que são correções mais bruscas”, disse em entrevista ao programa “Front Row” da Bloomberg Television. “Queremos eliminar o risco.”

Embora o mercado ainda favoreça os cíclicos, a Causeway tem apostado em empresas “defensivas” em saúde, produtos farmacêuticos, concessionárias, energia renovável e produtos básicos de consumo.

Alguns discípulos do investimento em valor, notavelmente Jeremy Grantham, preveem um colapso total. Ketterer é mais construtiva. Ela gosta de empresas que geram caixa, porque são menos sensíveis a juros altos e, muitas vezes, pagam dividendos ou aumentam o retorno recomprando ações.

Empresas com perspectivas de longo prazo já sentem o impacto, pois investidores estão menos confiantes de que o Fed pode conter a inflação e descontar cada vez mais os fluxos de caixa futuros. Após seis meses seguidos de ganhos, o índice Nasdaq acumula queda de 4,1% desde o final de abril.

“Quase todas as empresas com as quais falamos comentam sobre restrições na cadeia de suprimentos, dificuldades com logística, transporte, paralisações nos portos, um problema real do lado da oferta, e uma demanda muito, muito forte”, disse Ketterer. “Para nós, isso parece uma situação típica de um ambiente inflacionário: muito dinheiro perseguindo poucos bens.”

Como muitas gestoras com foco em ações de valor, a Causeway, com sede em Los Angeles, teve um período difícil na década seguinte à crise financeira de 2008. Investidores desistiram de esperar que as ações subvalorizadas se recuperassem. Os ativos da empresa caíram de quase US$ 60 bilhões no terceiro trimestre de 2018 para menos de US$ 37 bilhões após o colapso causado pela pandemia em março de 2020.

Ketterer, de 60 anos, cofundou a Causeway em 2001 após deixar a Merrill Lynch. Desde o início, se concentrou em investir em valor, principalmente em mercados internacionais.

A empresa agora explora várias novas estratégias, colocando dinheiro dos sócios em risco antes de disponibilizá-las aos clientes. Está aplicando análise de valor em ações chinesas e usando ferramentas quantitativas para pontuar empresas com base em critérios ambientais, sociais e de governança.

Ketterer também busca fundos de índice com gestão ativa, especialmente com o plano do presidente dos EUA, Joe Biden, de aumentar os impostos sobre ganhos de capital.

“Pessoalmente, estremeci com os impostos sobre fundos mútuos”, disse. “Então a Causeway gostaria de estar em ETFs. Somos muito lentos e graduais no que fazemos.”

Acompanhe tudo sobre:Fundos de investimentoGestores de fundosInflação

Mais de Invest

Veja o resultado da Mega-Sena concurso 2750: prêmio acumulado é de R$ 45 milhões

A bolsa da América do Sul que pode ser uma das mais beneficiadas pela IA

Magnificent 7: o papel das gigantes de tecnologia na estratégia de investimento

Ibovespa fecha em queda com incertezas fiscais no radar; dólar sobe para R$ 5,59

Mais na Exame