Bolsa: Ibovespa sobe 0,03% e encerra em 96.234,96 pontos (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 2 de julho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 2 de julho de 2020 às 17h50.
Depois de superar os 97 mil pontos puxado pela euforia com os dados de desemprego americano, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, perdeu força, devido ao aumento dos casos diários de coronavírus nos Estados Unidos. Com isso, o Ibovespa fechou em leve alta de 0,03%, em 96.234,96 pontos.
O movimento de queda começou no início da tarde, pouco após o estado da Flórida a apresentar recorde de casos diários de Covid-19. Somente no estado, foram registrados 10.109 novos infectados em 24h. A Flórida, assim como estados do oeste dos Estados Unidos, como Texas e California, ainda atravessam a pior fase da doença, embora locais do nordeste do país, como Nova York, já obtiveram maior controle sobre a doença.
“Aumento de casos de Covid-19 gera preocupações, pois aumenta a incerteza em relação ao impacto na atividade econômica. Por mais que não declarem lockdows, a própria população pode reduzir o tráfego e afetar, principalmente, economia de serviços”, explicou Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research.
Pela manhã, quando o Ibovespa chegou tocar os 97.864 pontos na máxima do dia, o tom positivo era impulsionado, principalmente, pelo dado oficial do mercado de trabalho americano, o payroll.
Divulgado nesta manhã, o relatório revelou que, em junho, foram criados 4,8 milhões de empregos não-agrícolas no país, superando as expectativas do mercado, que esperava um saldo positivo de 3 milhões de vagas no mês. Também foi revisado para cima o payroll de maio, de criação de 2,509 milhões para 2,699 milhões de empregos. Com isso, a taxa de desemprego americana caiu de 13,3% para 11,1%.
“Se não tivessem dados positivos, o mercado teria reagido de forma muito pior. Eles amenizaram a preocupação com a recuperação econômica, mas não tiraram. Até porque o que derrubou a economia foi o coronavírus e a gente está voltando a ver aumento de casos até maiores do que antes”, afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Após a divulgação do dado, os índices futuros da bolsa americana, que já vinham em alta, com o otimismo sobre a vacina que vem sendo desenvolvida pela Pfizer, acentuaram o movimento positivo, assim como ocorreu em outras bolsas estrangeiras, como as da Europa. Nos Estados Unidos, os dados sustentaram o movimento de alta, com o S&P 500 fechando em leve alta de 0,45%.
"O payroll animou muito o mercado. A criação de empregos ficou 60% acima do esperado", disse Pablo Spyer, diretor de operações da Miraer Asset.
Além do crescimento do número de casos de Covid-19 nos EUA, pesou no lado negativo os protestos de Hong Kong, desencadeados após a China aprovar a lei de segurança nacional sobre o território autônomo.
Os investidores temem que os Estados Unidos, contrário à medida, faça duras retaliações comerciais. Na véspera, a Câmara americana aprovou um projeto de lei que penaliza bancos que façam negócios com autoridades chinesas que apoiaram a lei de segurança nacional.