Ibovespa sobe 0,63% após decisão do Fed; dólar avança para R$ 5,70
Ações de frigoríficos lideram ganhos com retomada de vendas para China; moeda americana sobe pela quinta sessão seguida
Beatriz Quesada
Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 09h22.
Última atualização em 15 de dezembro de 2021 às 18h43.
O Ibovespa encerrou com alta de 0,63%, aos 107.431,18 pontos, nesta quarta-feira, 15,em dia marcado pela decisão de política monetária do Federal Reserve, nos Estados Unidos, no meio da tarde, às 16h. O dia teve também vencimento de opções sobre o índice, o que aumentou a volatilidade no mercado. Foi a primeira alta da semana.
Como esperado, o Fed, banco central americano, anunciou a antecipação de junho para março de 2022 a conclusão do programa de retirada de estímulos (tapering), abrindo caminho para iniciar a elevação do juro da economia no país. A previsão é a de que ocorram três aumentos na taxa, que está entre zero e 0,25%, até o fim do próximo ano.
O dólar subiu pela quinta sessão consecutiva contra o real, para nova máxima em oito meses, diante da avaliação de que o fluxo de capital externo para o país deve ser pressionado com o aumento dos juros nos Estados Unidos. O dólar à vista subiu 0,21%, negociado a 5,7072 reais na venda. Trata-se do novo pico desde 13 de abril (5,7175 reais).
Assim que saiu a decisão, o Ibovespa acompanhou o comportamento dos índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq e passou de queda a leve alta, em razão, segundo analistas, da confirmação do era projetado pelo mercado.
A guinada mais dura do BC americano promete enxugar liquidez dos mercados globais, com impacto sobre mercados emergentes, considerados mais arriscados, e afetando a renda variável americana. Veja abaixo o fechamento dos principais índices em Nova York:
- Dow Jones: +1,08%
- S&P 500: +1,63%
- Nasdaq: +2,15%
No Brasil, investidores também repercutiram a divulgação do Índice de Atividade Econômica ( IBC-Br ) de outubro. O indicador, considerado uma espécie de prévia do PIB, caiu 0,40% em outubro frente a setembro, em linha com o consenso das expectativas medidas pela Bloomberg.
Destaques de ações
As ações dos frigoríficos lideraram as altas do dia após a China anunciar a retomada da importação de carne bovina brasileira. Os embarques do Brasil para seu principal cliente estavam suspensos desde o início de setembro após a confirmação de dois casos atípicos de "mal da vaca louca". A Minerva foi a principal beneficiada do movimento.
Veja o fechamento das ações do setor:
- Minerva (BEEF3): +11,19%
- JBS (JBSS3): +2,44%
- BRF (BRFS3): +1,09%
Outro destaque de alta foram as ações de Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3), que subiram a partir do meio do dia após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a fusão entre as duas empresas.
A compra da Unidas pela Localiza havia sido anunciada em setembro de 2020 e, desde então, estava em análise para aprovação junto ao órgão antitruste. A Localiza é a líder do setor de locação de veículos e a Unidas é sua principal concorrente, algo que que poderia gerar concentração no mercado, na avaliação de especialistas.
Mas o órgão aprovou a operação mediante alguns “remédios que mitiguem riscos à concorrência”, como a venda "significativa" de ativos, incluindo a marca Unidas. Com a fusão das duas companhias, apenas a Movida (MOVI3) agora é capaz de rivalizar com a empresa resultado do negócio, segundo especialistas. A ação da empresa encerrou em queda de 0,49% diante da avaliação de que enfrentará um concorrente ainda maior nesse mercado. Veja o fechamento:
- Unidas (LCAM3): +4,43%
- Localiza (RENT3): +3,13%
- Movida (MOVI3): -0,49%
Já os papéis da Eneva chegaram a disparar mais de 5% na bolsa após o anúncio da compra da Focus Energia no início da manhã. A operação destaca a estratégia da Eneva em energia renovável, área de atuação da Focus. Os papéis das duas companhias dispararam desde a manhã, mas a alta perdeu força ao longo do dia. Veja o fechamento:
- Eneva (ENEV3): + 1,67%
- Focus Energia (POWE3): + 6,74%
Na ponta negativa do índice, os papéis da Eletrobras (ELET3, ELET6) recuaram com a notícia de um revés em seu processo de privatização por meio da venda de seu controle na bolsa. O ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU), indicou nesta quarta-feira sua intenção de pedir vistas sobre o processo que está sendo julgado no plenário da corte. O temor dos investidores é que a medida afete o calendário da desestatização da empresa.
- Eletrobras (ELET3): -0,41%
- Eletrobras (ELET6): -0,15%