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Ibovespa cai 7% em trimestre marcado por juros, crise bancária e arcabouço fiscal

Índice cai 1,8% nesta sexta-feira em movimento de correção, pressionado por ações de Vale e Petrobras

Painel de cotações da B3: bolsa acumula queda de 2,91% em março (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3: bolsa acumula queda de 2,91% em março (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 31 de março de 2023 às 09h36.

Última atualização em 31 de março de 2023 às 18h42.

O Ibovespa encerrou o último pregão de março em queda de 1,8%, aos 101.882 pontos. Com a queda, o principal índice da B3 acumulou desvalorização de 7,2% nos três primeiros meses do ano – um janeiro positivo, seguido de um fevereiro difícil e de um mês de março ainda desafiador.

No pregão desta sexta, o índice devolveu parte dos ganhos que tinha conquistado ontem, quando investidores reagiram bem à apresentação do arcabouço fiscal. Depois de cinco pregões consecutivos de alta, o índice passou por um movimento de correção, pressionado ainda pelas quedas de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4)

Além disso, o rescaldo sobre as novas regras ainda toma a atenção dos investidores. Embora bem recebida, a proposta ainda traz algumas dúvidas e é considerada bastante otimista por alguns especialistas.

Ibovespa no trimestre

  • IBOV (diário): - 1,77%, aos 101.882 pontos
  • IBOV (mensal): - 2,91%
  • IBOV (trimestral): - 7,16%

Por que o Ibovespa caiu no trimestre?

O Ibovespa começou o ano com o pé direito e subiu 3,4% em janeiro, apoiado principalmente nas ações das commodities com a reabertura econômica da China. Ainda assim, a alta do índice foi mais branda que a dos pares globais por conta de ruídos políticos. Os juros foram mantidos em 13,75%, dando início a uma clima de embates entre o governo Lula e o Banco Central, com o presidente pressionando pela queda da taxa Selic. Para somar às turbulências, a fraude na Americanas derrubou as ações dos bancos, que têm grande participação no Ibovespa. 

Em fevereiro, a situação macroeconômica apertou. Internamente, o debate entre Lula e o BC continuou trazendo volatilidade, enquanto nos Estados Unidos, dados mais fortes da inflação aumentaram os temores de um aperto monetário mais duro que o esperado. O Ibovespa caiu 7,5% no mês, seu pior resultado mensal desde junho de 2022

E março não ficou atrás na volatilidade. A crise bancária deflagrada pelo americano SVB tomou as manchetes e acendeu um alerta sobre os efeitos da trajetória de alta dos juros. Nos Estados Unidos, o caso influenciou em uma diminuição no ritmo de aperto monetário, com os investidores se equilibrando entre inflação e recessão. 

No Brasil, o Copom manteve os juros em 13,75% em sua última decisão, e adotou um tom mais duro que o esperado em seu comunicado, fechando as portas para cortes nas próximas reuniões. Investidores tiveram que reajustar posições e o Ibovespa chegou a cair abaixo dos 100.000 pontos. 

O patamar foi recuperado no final do mês, quando o governo finalmente apresentou o projeto do arcabouço fiscal, que pode trazer algum alívio para as contas públicas e, no limite, ajudar na queda dos juros. Porém, ainda há uma grande preocupação com as projeções do governo, que pretende zerar o déficit primário já no ano que vem e alcançar um superávit em 2025. O temor é que a União tenha que criar novos impostos para alcançar a meta.

“O Ibovespa sofreu uma concorrência grande da renda fixa e pelo contexto macroeconômico bem adverso. E só agora no final de março tivemos a nova regra fiscal. Pode ser que a situação melhore no segundo trimestre, mas ainda é um cenário bem difícil para renda variável", avaliou Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.

Este foi o quarto pior primeiro trimestre para o Ibovespa desde o início do plano real, segundo levantamento do Trademap.

Maiores altas do Ibovespa no trimestre

  • Embraer (EMBR3): + 45,28%
  • Magazine Luiza (MGLU3): + 20,80%
  • CSN Mineração (CMIN3): + 18,63%

Maiores baixas do Ibovespa no trimestre

  • Hapvida (HAPV3): - 48,43%
  • Alpargatas (ALPA4): - 45,95%
  • Qualicorp (QUAL3): - 37,31%

Que horas fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h30. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.

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