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Ibovespa fecha em queda de mais de 1% com payroll abaixo das expectativas

Números mais fracos do mercado de trabalho americano aumenta preocupação sobre nível da atividade americana

Ibovespa: investidores reagem a payroll mais fraco (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Ibovespa: investidores reagem a payroll mais fraco (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 10h53.

Última atualização em 9 de setembro de 2024 às 10h17.

O Ibovespa fechou em queda de 1,41% na sessão desta sexta-feira, 6, aos 134.572 pontos, acompanhando o exterior negativo. De olho no payroll, relatório de empregos do setor privado não agrícola dos Estados Unidos, que veio abaixo do esperado, as bolsas da Europa e da Ásia fecharam em queda. Nos EUA, os índices também caíram mais fortemente.

Além do payroll, o mercado também reage ao balanço da Broadcom, empresa de tecnologia dos Estados Unidos, que assim como Nvidia decepcionou nos resultados do segundo trimestre.

Bolsas hoje

  • IBOV: -1,41% aos 134.572 pontos
  • Dow Jones: -1,61%
  • S&P 500: -1,73%
  • Nasdaq: -2,53%

Payroll fraco

Ao longo da semana, os relatórios Jolts e ADP já mostravam um mercado de trabalho mais enfraquecido. O relatório ADP, inclusive, é considerado uma prévia do payroll, e confirmou as expectativas de uma menor criação de vagas.

Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, o payroll indicou a criação de 142 mil vagas no mês de agosto, abaixo das estimativas entre 161 mil e 165 mil.

Já o relatório ADP, onde eram aguardadas 145 mil novas vagas em agosto, veio em 99 mil, quarto mês seguido de redução na criação de vagas no mercado privado.

O relatório Jolts, por sua vez, revelou uma queda no número de vagas de trabalho em aberto nos EUA, de 7,9 milhões em junho para 7,7 milhões em julho, abaixo das expectativas de 8,09 milhões.

Soma-se ao payroll de agosto aquém do esperado, a revisão do payroll de julho, de 114 mil para 89 mil, e de junho, de 206 mil para 118 mil, o que também pode apontar para uma rápida deterioração do mercado de trabalho nos EUA.

Com os números mais fracos, as apostas de um corte em 50 pontos-base medidas pela plataforma FedWatch, do CME Group, saltaram de 43% para 59% nos minutos seguintes à divulgação do payroll.

Entretanto, conforme o mercado foi digerindo, o cenário se inverteu e as apostas para um corte maior caíram para 25%.

O que acontece, segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, é que, no início, assim que o dado saiu, o mercado ficou “nervoso” com outros dados divulgados juntos ao payroll: a taxa de desemprego e o salário.

O salário médio por hora subiu 0,4% em agosto ante julho, ante a previsão de +0,30%. Já a taxa de desemprego caiu a 4,2% ante 4,3% no mês anterior, dentro da previsão.

“A gente teve o Payroll abaixo, mas ao mesmo tempo, o salário médio por hora veio acima, além da taxa de desemprego levemente abaixo do esperado, ou seja, desemprego menor e o salário maior. Mas, como o payroll, que é o principal dado, veio bem abaixo, para os investidores foi confirmada a desaceleração rápida do mercado de trabalho nos Estados Unidos”, explica.

Em sua análise, o Fed irá conseguir reduzir os juros nas próximas três decisões. Entretanto, a magnitude do corte ainda está dividida. Para ele, o Fed deve iniciar com um corte em 25 pontos-base.

Commodities em queda

Outro driver que mexeu com o mercado local foram as commodities. O contrato para janeiro 2025 do minério de ferro, o mais negociado na bolsa de Dalian, encerrou as negociações do dia com queda de 1,9%, a 671,5 iuanes (US$ 94,72 dólares) a tonelada.

Na semana, a commodity acumulou perda de 11,24%, a maior queda semanal desde 28 de outubro de 2022. O motivo? As preocupações com a demanda fraca da China. Em Singapura, a o contrato para outubro da commodity fechou em queda de 0,74% a US$ 90,35 a tonelada.

O movimento puxa Vale (VALE3) para baixo em 1,25%, o que impactou o Ibovespa.

Com o petróleo, o mesmo ocorre. Tanto de referência WTI como Brent operou o dia em queda de mais de 2,2%. Na esteira, Petrobras (PETR3; PETR4) caiu 1,64% e 1,96%, respectivamente.

Guidance da Broadcom decepciona

Uma semana após os números mal recebidos da rival Nvidia, agora foi a vez da empresa de semicondutores, Broadcom, divulgar seus resultados do trimestre encerrado no dia 4 de agosto – o que também não agradou o mercado.

Entre os destaques positivos, o lucro por ação (LPA) veio em US$ 1,24, US$ 0,02 acima da estimativa dos analistas consultados do FactSet de US$ 1,22.

Já a receita apresentou alta de 47% na comparação anual, registrando US$ 13,07 bilhões no trimestre, acima da expectativa dos analistas ouvidos pela FactSet, de US$ 12,97 bilhões.

Apesar disso, o guidance para o próximo trimestre frustrou os investidores. A companhia reduziu a previsão de receita para cerca de US$ 14 bilhões no quarto trimestre fiscal, que termina em 3 de novembro, enquanto o consenso FactSet esperava US$ 14,11 bilhões.

A recepção negativa do balanço contaminou os índices de Nova York. Os papéis da companhia caíram 10,36%.

Dólar hoje

O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira com queda de -1,22% aos R$ 5,57. Na última sessão, a moeda fechou em queda de 0,03% cotado a R$ 5,639.

Como é calculado o índice Bovespa?

O principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, com base na média do desempenho de uma carteira teórica de ativos, cada um com seu peso na composição do índice.

O Ibovespa funciona como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações no mercado, onde cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Portanto, se o Ibov está em 100 mil pontos, isso significa que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.

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