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Ibovespa hoje: bolsa fecha em queda de 2% com falas de Campos Neto e véspera de feriado

Presidente do BC reacende expectativas de nova alta da Selic e pressiona setores dependentes de juros baixos

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de setembro de 2022 às 10h37.

Última atualização em 6 de setembro de 2022 às 17h41.

O Ibovespa encerrou esta terça-feira, 6, abaixo dos 100 mil pontos com investidores cautelosos antes do feriado do Dia da Independência, que reduz o apetite ao risco. Embora as bolsas americanas continuem pressionando os mercados globais para baixo, o principal fator para a queda de hoje foi local.

O grande foco foi o discurso mais duro do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em evento na última noite, Campos Neto não descartou mais uma alta de juros na reunião de política monetária deste mês e sinalizou que o BC pode demorar mais do que o esperado para começar a cortar juros.

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"A fala do presidente do Banco Central reacendeu uma discussão que parecia adormecida. O alerta de que talvez a precificação dos juros esteja errada impacta ações de varejo e construção, que se beneficiaram muito em agosto com a percepção de que a Selic iria parar de subir", disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Não à toa, MRV (MRVE3) liderou as baixas do dia, caindo mais de 8%. Antes da queda de hoje, o papel havia disparado 15% com a perspectiva de juros mais baixos e recomendação de compra do JPMorgan. Hoje, os papéis devolveram parte dos ganhos, assim como outras ações ligadas ao setor doméstico.

Além dos setores mais dependentes da atividade econômica local, ações de estatais também figuram entre as maiores quedas, com Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR3/PETR4) chegando a cair mais de 4%.

Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, as quedas podem estar associadas ao feriado de amanhã. "Os investidores estão se protegendo e realizando lucros recentes, principalmente nas estatais. Não temos no radar algum impacto negativo que possa ser causado pelo 7 de setembro, mas o mercado está fazendo um manejo de risco", afirmou.

No exterior, os principais índices americanos voltaram a encerrar o dia em queda na volta do feriado da Independência americana, comemorado na véspera. Os índices ainda repercutem a possibilidade de um aumento de juros mais duro por parte do Federal Reserve ( Fed, o banco central americano).

Dólar em alta

Além da bolsa, a moeda brasileira foi destaque negativo no mercado internacional, com o dólar subindo acima de R$ 5,20.

Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, vê o movimento como reflexo da perspectiva de um Fed mais agressivo na condução dos juros americanos, além da piora da percepção de risco interna.

"O cenário eleitoral, eventualmente, faz com que o Brasil piore a aversão ao risco pela incerteza adicional."

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