Ibovespa: coronavírus chinês adiciona tensão às mesas de operações, mas bolsa fecha em alta (Paulo Whitaker/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 18h27.
Última atualização em 22 de janeiro de 2020 às 19h31.
São Paulo - As negociações na Bolsa engataram tom de recuperação nesta quarta-feira (22). Após registrar a pior queda do ano no último pregão, o Ibovespa subiu 1,17% e terminou em 118.391,36 pontos. A alta ocorre em linha com os principais mercados internacionais, que também retomaram parte das perdas de ontem (21), quando as bolsas asiáticas tiveram fortes quedas com o temor de que o coronavírus da China provocasse uma epidemia.
Nesta quarta, parte dos investidores ficaram agradados com algumas medidas tomadas pelo governo chinês para conter o avanço da doença, como a suspensão de serviços de transporte para a cidade de Wuhan - local de origem do vírus. "O fato de essa cidade ter sido colocada em quarentena foi positivo para o mercado”, disse. Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos.
Apesar do coronavírus ter adicionado certa tensão às mesas de operações, Cantreva vê a manutenção da tendência de alta nas bolsas globais. “O cenário ainda é bastante positivo para o mercado de ações no mundo. Enquanto tiver alguns casos aqui e outros lá ainda é administrável”.
Por outro lado, Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus projeta um cenário mais conturbado para os próximos dias. “A alta de hoje é momentânea e tem que tomar muito cuidado com qualquer euforia, até porque a gente está vendo aumentar a preocupação com o coronavírus”, afirmou.
Na Bolsa, a maior alta do Ibovespa ficou com as ações da siderúrgica Usiminas, que dispararam 13,93% tendo no radar o anúncio de elevação do preço do aço noticiado pelo Valor e confirmado por EXAME. A CSN, que também deve aumentar o preço do aço, subiu 6,96%. Os papéis da Gerdau e Vale se valorizaram 0,63% e 0,48%, respectivamente.
Mas, devido à maior representatividade na carteira do Ibovespa, foram as ações da B3 (administradora da Bolsa) que impulsionaram o índice de volta aos 118 mil pontos. Nesta terça, os papéis da companhia subiram 6,26%. Após ter caído 9,95% em dezembro tendo como pano de fundo o processo de arbitragem que abriu espaço para concorrência, os o ativo já acumula alta de 10,54% em janeiro.
Os papéis da Eletrobras também tiveram uma sessão bastante positiva, se valorizando 5,59% e fechando cotados a 41,78 reais. A alta ocorre após analistas do Itaú BBA projetarem um potencial de valorização de 69,48% em caso de privatização. Em relatório, o banco de investimento prevê uma redução de custos de 2,1 bilhões de reais com a Eletrobras privatizada.
Na ponta negativa, os frigoríficos chegaram a cair forte nesta terça com a notícia do Valor de que os importadores chineses estariam renegociando os contratos com os fornecedores. Contudo, após a queda mais acentuada no início do pregão, os papéis passaram por uma recuperação parcial, com exceção das ações da Minerva, que fecharam em queda de 7,69%. Dentro do Ibovespa, as ações da Marfrig tiveram a maior desvalorização do setor, recuando 2,02%, enquanto as ações da JBS ficaram 0,13% negativas.
O pessismo sobre os frigoríficos, no entanto, é pontual na visão de Laatus “A longo prazo, isso não afeta tanto. O dólar mais alto também dá uma amenizada”. No grupo, somente a BRF (mais focada na cadeia produtiva de aves) terminou o dia no azul, com apreciação de 0,48%. “A BRF não está sofrendo com isso porque a proteína que mais estamos exportando é a bovina”, disse Laatus.