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Ibovespa cai 2% após derrota da reforma trabalhista no Senado

O episódio acende a luz de alerta sobre o andamento das reformas no Congresso Nacional, em meio à crise política que atinge o Planalto

B3: investidores veem pouco motivo para apostar em uma recuperação de curto prazo da bolsa (Patricia Monteiro/Bloomberg)

B3: investidores veem pouco motivo para apostar em uma recuperação de curto prazo da bolsa (Patricia Monteiro/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 20 de junho de 2017 às 18h33.

São Paulo - O principal índice da bolsa paulista fechou nesta terça-feira no menor patamar desde o início de janeiro, com investidores preocupados com a tramitação das reformas no Congresso, depois que uma comissão no Senado rejeitou a proposta de reforma trabalhista.

O Ibovespa fechou em queda de 2,01 por cento, a 60.766 pontos, menor patamar desde 2 de janeiro e abaixo do nível registrado no dia 18 de maio, quando o índice recuou 8,8 por cento, após a divulgação de conversas entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS.O volume financeiro do pregão nesta terça-feira somou 8,09 bilhões de reais.

O tom negativo que vinha desde o início do pregão ganhou força após a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado rejeitar, com a ajuda de integrantes da base aliada, o parecer oficial da reforma trabalhista do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), impondo uma derrota simbólica ao governo.

O episódio acende a luz de alerta sobre o andamento das reformas no Congresso Nacional, em meio à crise que atinge o Planalto desde a divulgação das conversas do presidente com o dono da JBS.

A Polícia Federal pretende concluir até sábado o inquérito sobre Temer com base na coleta de provas que vão além dos áudios das conversas com Joesley Batista.

De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, o relatório parcial da PF indicou haver indícios de que Temer e seu ex-assessor especial e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) cometeram crime de corrupção passiva.

Diante de todo o cenário político ruim, investidores veem pouco motivo para apostar em uma recuperação de curto prazo da bolsa.

"Não tem nada de bom para imaginarmos. A gente vai ter esse atraso nas reformas e vai perdurar essa discussão Temer versus Joesley", disse o analista da corretora Um Investimentos Aldo Moniz, acrescentando que o Ibovespa pode cair até cerca de 57 mil ou 58 mil pontos antes de retomar uma trajetória de alta.

Dentre as quase 60 ações que compõem o Ibovespa, apenas os papéis da fabricante de bebidas Ambev fecharam em alta.

Destaques

- PETROBRAS PN caiu 3,5 por cento e PETROBRAS ON recuou 2,4 por cento, acompanhando a sessão negativa para os preços do petróleo no mercado internacional, que caíram cerca de 2 por cento, com o petróleo tipo Brent fechando em mínimas de sete meses, enquanto o contrato nos Estados Unidos fechou no menor patamar desde setembro.- VALE PNA recuou 2,87 por cento e VALE ON perdeu 2,58 por cento em sessão de baixa para os futuros do minério de ferro e do aço na China.

- ESTÁCIO PARTICPAÇÕES ON caiu 7,11 por cento, liderando as perdas do Ibovespa, diante de receios sobre o processo de fusão com a KROTON ON, que perdeu 3,89 por cento. Reportagem da Agência Estado, citando fontes, disse que há "chances reais" de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vetar o acordo. Segundo a reportagem, a avaliação é que, após ser citado na delação de executivos da JBS, o Cade quer passar a mensagem de que age de maneira firme.

- JBS ON teve baixa de 5,35 por cento, após subir mais de 2 por cento na máxima do dia, tendo no radar a informação de que a empresa apresentou ao conselho um plano de desinvestimentos para levantar até 6 bilhões de reais. Os papéis da maior processadora de carnes do mundo têm mostrado forte volatilidade desde a delação de seus executivos e em meio a expectativa sobre vendas de ativos para pagamentos de multas decorrentes do acordo de leniência.

- EMBRAER ON cedeu 2,36 por cento, após subir 2,17 por cento na máxima do dia e de anunciar que firmou acordos para venda de até 50 jatos durante o Paris Airshow. No entanto, os ganhos de 4,6 por cento na véspera favoreceram algum ajuste neste pregão.

- TRIUNFO PARTICIPAÇÕES ON, que não faz parte do Ibovespa, disparou 17,12 por cento, após aceitar vender fatia de 50 por cento no terminal portuário Portonave para a TIL, do MSC Mediterranean Shipping.

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