Loja da Hering: empresa de vestuário fechou acordo com o Grupo Soma em abril (Mario Rodrigues/Divulgação)
Paula Barra
Publicado em 30 de abril de 2021 às 18h04.
Última atualização em 30 de abril de 2021 às 18h47.
No segundo mês seguido no positivo do Ibovespa, 13 das 82 ações que compõem o índice fecharam em alta de mais de 10%. Com ampla vantagem frente ao segundo colocado, a estrela de abril ficou com a Hering (HGTX3), com ganhos de 71,07% após anunciar acordo de fusão com o Grupo Soma (SOMA3), dono de marcas como Farm e Animale. O movimento levou os papéis da varejista de moda básica para o melhor mês em mais de 15 anos.
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O impulso inicial veio na metade do mês, quando a Hering informou que rejeitou uma proposta de união com a Arezzo (ARZZ3). No dia 15 de abril, os papéis subiram 28%. Onze dias depois, uma nova surpresa, com um novo player na jogada. A companhia informava que acertou com o Grupo Soma um acordo de fusão que avalia a empresa em 5 bilhões de reais, dando um prêmio de quase 50% em relação ao fechamento do dia 23, anterior ao anúncio.
Além do prêmio oferecido no acordo, a expectativa do mercado é que, com o negócio, a Hering, que já vinha passando por dificuldades em suas operações, consiga acelerar seu processo de reestruturação e normalize seu lucro, que tem estado bem abaixo do seu potencial total devido aos impactos negativos da covid.
Com a euforia diante da fusão, os papéis da companhia atingiram no início da semana o maior patamar em Bolsa, ao tocar os 30,81 reais, desde o dia 20 de janeiro de 2020.
A prata ficou com a Braskem (BRKM5), que saltou 32,28% no mês, em meio à alta do preço do petróleo, que tende a favorecer os spreads de resinas, perspectivas de que a companhia caminha para colocar um ponto final nas questões jurídicas envolvendo o México e Alagoas e notícias de que a Novonor (antiga Odebrecht) retomará processo de venda de sua participação na Braskem.
Segundo o analista Henrique Esteter, da Guide Investimentos, a alta do petróleo ajudou a elevar bastante as margens de polipropileno, o que favorece os resultados da companhia. Além disso, aponta, "as preocupações relacionadas com as questões jurídicas tanto no México quanto em Alagoas foram bastante reduzidas".
"Contribui para o movimento também as notícias de que a Odebrecht tem conversado com possíveis interessados para se desfazer de sua fatia na empresa, o que seria muito positivo para a ação", comenta.
Na terceira maior alta do índice apareceram as ações da Usiminas (USIM5), com ganhos de 32,05%, na esteira de um Ebitda recorde no primeiro trimestre de 2,4 bilhões de reais, aumento de 325% em relação ao mesmo período do ano anterior e revisões para cima nas estimativas de bancos e corretoras.
Após o balanço, divulgado na semana passada, considerado forte pelo mercado, os analistas do Bradesco BBI comentaram que acreditam que "ainda há muito mais por vir nos próximos trimestres".
O otimismo, mencionam, está respaldado em uma "rara combinação de fatores": um) preços internacionais de aços planos sustentados em patamares altos; dois) preço do minério de ferro também elevado (a expectativa do banco é que fique entre 140 e 150 dólares a tonelada este ano); três) um real depreciado (com projeção de que fique em 5,40 reais ao fim de 2021); e quatro) demanda doméstica saudável de aço.
O banco reiterou recomendação outperform, equivalente a compra, para a ação, e elevou o preço-alvo de R$ 22,00 para R$ 32,00, o que representa um potencial de valorização de 40% frente ao fechamento de ontem.
Na mesma linha, o Bank of America reiterou recomendaçaõ de compra após o balanço e elevou o preço-alvo dos papéis de R$ 26,00 para R$ 30,00. A instituição prevê ainda que as ações da companhia devem entrar na próxima revisão semi-anual do índice MSCI Brazil, que ocorre dia 11 de maio.
Há ainda um outro fator que afeta positivamente o setor como um todo. Analistas do Bradesco BBI apontaram que, segundo seus canais de checagens, as grandes siderúrgicas brasileiras estão planejando um aumento do preço do aço de 15%, com validade a partir de maio. O reajuste ocorre após várias altas recentes (de 10% a 15% em janeiro, de 10% em fevereiro, e de 10% a 15% em abril).
Tal cenário positivo para as siderúrgicas impulsionou também os papéis da CSN (CSNA3) neste mês, que subiram 29,79%, a quarta maior alta do índice.
Ajudou o movimento ainda o balanço do primeiro trimestre, reportado na quarta-feira à noite, que mostrou lucro líquido de 5,7 bilhões de reais, revertendo um prejuízo de 1,3 bilhão de reais apurado no mesmo período do ano anterior. O resultado fez com que o BofA elevasse o preço-alvo das ações de R$ 53,00 para R$ 57,00, vendo um potencial de valorização de 13%. A recomendação foi reiterada em compra.
1º) Cia Hering (HGTX3): +71,07%
2º) Braskem (BRKM5): +32,28%
3º) Usiminas (USIM5): +32,05%
4º) CSN (CSNA3): +29,79%
5º) Pão de Açúcar (PCAR3): +22,75%
6º) CVC Brasil (CVCB3): +21,55%
7º) Vale (VALE3): +11,98%
8º) Marfrig (MRFG3): +11,35%
9º) Yduqs (YDUQ3): +11,30%
10º) B2W (BTOW3): +10,81%