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Fracasso em reformar previdência pode inviabilizar alguns IPOs

Segundo Gilson Finkelsztain, presidente-executivo da B3, um eventual fracasso da reforma certamente vai decepcionar o mercado financeiro

Gilson Finkelsztain: "Seria uma decepção se não sair pelo menos uma reforma pequena" (Cetip/Divulgação)

Gilson Finkelsztain: "Seria uma decepção se não sair pelo menos uma reforma pequena" (Cetip/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 24 de agosto de 2017 às 19h38.

Última atualização em 24 de agosto de 2017 às 20h19.

Campos do Jordão - Um eventual fracasso do governo do presidente Michel Temer em tentar fazer aprovar a reforma da previdência ainda este ano certamente vai decepcionar o mercado financeiro e pode inviabilizar algumas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) previstas para acontecer neste ano, disse nesta quinta-feira o presidente-executivo da B3, Gilson Finkelsztain.

"Seria uma decepção se não sair pelo menos uma reforma pequena", disse o executivo a jornalistas antes da abertura do 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais.

Segundo o executivo, há várias companhias preparando apresentações (roadshows) para IPOs em setembro e mais de 10 ofertas de ações para acontecer nos próximos meses, entre IPOs e ofertas subsequentes.

Para o presidente da B3, há fatores positivos em curso que permitem prever uma expansão de longo prazo do mercado de capitais brasileiro, não apenas o de ações, como a queda dos juros e as reformas estruturais como a da previdência.

De certa forma, ponderou Finkelsztain, isso já está se refletindo na escalada do Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, que nesta quinta-feira superou os 71 mil pontos, renovando pela terceira sessão a máxima em 52 meses.

E além das ações, o cenário de juros mais baixos tende a acelerar a busca dos investidores por outras classes de papéis, como crédito privado, disse ele.

No entanto, uma queda na liquidez internacional é um grande risco e pode abreviar essa recuperação. Além disso, uma estagnação no ciclo de reformas no Congresso Nacional e eventuais aumentos de impostos que atinjam o mercado de capitais podem limitar essa recuperação, disse o executivo.

"Ninguém hoje acha que aumentar imposto é uma solução para o país", afirmou Finkelsztain, ressalvando porém que isso deve acontecer, dadas as dificuldades do governo federal em lidar com um enorme rombo fiscal.

Uma das iniciativas em discussão, a de aumentar impostos sobre lucros das empresas distribuídos aos acionistas na forma de dividendos ou juros sobre o capital próprio, não parece estar na agenda, disse ele. E qualquer outra iniciativa para arrecadação de recursos, como uma volta da CPMF, deveria isentar o mercado de capitais, defendeu.

"É do mercado que sairão os recursos para financiar as grandes obras de infraestrutura de que o Brasil precisa", argumentou Finkelsztain.

O executivo, que assumiu no final de abril, após a aprovação regulatória da fusão entre BM&FBovespa e Cetip, que deu origemà B3, disse que a companhia está conversando sobre a potencial abertura de seus serviços da clearing de ações para uma potencial concorrente, a ATS.

"Mas as conversas chegaram a um impasse sobre preço, parece que o assunto será resolvido por meio de arbitragem", disse o executivo.

Finkelsztain disse ainda que a conclusão de todas as clearings da bolsa deve acontecer neste final de semana, tornando-se operacional na segunda-feira.

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