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Fitch rebaixa rating da Marfrig por aumento do endividamento

A agência de classificação rebaixou a nota de risco de crédito internacional da empresa de B+ para B


	Marfrig: o motivo do rebaixamento foi o fraco desempenho operacional da companhia e o resultado negativo de sua geração de fluxo livre de caixa
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Marfrig: o motivo do rebaixamento foi o fraco desempenho operacional da companhia e o resultado negativo de sua geração de fluxo livre de caixa (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2013 às 14h27.

São Paulo - A Fitch Ratings rebaixou a nota de risco de crédito internacional da Marfrig de B+ para B. Já o rating nacional da empresa foi rebaixado de BBB+(bra) para BBB(bra), assim como os de suas debêntures. A agência ainda colocou os ratings da empresa em perspectiva negativa.

O motivo do rebaixamento foi o fraco desempenho operacional da companhia e o resultado negativo de sua geração de fluxo livre de caixa, que resultou em aumento da dívida desde o fim de 2011. A nota de crédito, segundo a Fitch, reflete a expectativa de que Marfrig venda ativos em 2013 para reduzir sua alavancagem.

Segundo a Fitch, a Marfrig ampliou sua geração livre de caixa (Lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciação, Lajida) de R$ 1,8 bilhão em 2011 para R$ 2 bilhões em R$ 2 bilhões em 2012, mas, apesar disso, as necessidades de capital de giro aumentaram devido aos crescentes custos com grãos e com a integração dos ativos recebidos da Brasil Foods (BR Foods).

Com isso, o fluxo de caixa operacional da empresa caiu de R$ 768 milhões em 2011 para R$ 111 milhões em 2012. Com investimentos de R$ 870 milhões e distribuição de dividendos de R$ 15 milhões, o fluxo de caixa da Marfrig ficou negativo em R$ 775 milhões em 2012, para um fluxo negativo de R$ 175 milhões em 2011.

Para aumentar sua liquidez, a Marfrig emitiu R$ 1,050 bilhão em ações em dezembro do ano passado e US$ 600 milhões em notas em janeiro de 2013. Segundo a Fitch, “os desafios operacionais da companhia de reduzir custos e integrar os ativos recebidos da BRF continuaram no primeiro trimestre deste ano, pois o fluxo de caixa das operações foi negativo em R$ 179 milhões”, diz o relatório.


A agência espera que a situação continue difícil e que a empresa continue “queimando caixa” até o fim do ano.

Com esses resultados, a Marfrig encerrou o primeiro trimestre com R$ 13,6 bilhões de dívida total e R$ 3,2 bilhões de caixa. A relação entre a dívida e a geração de caixa livre (lajida) em 12 meses encerrados em março era de 5,1 vezes, “um aumento de 4,3 vezes a relação de 31 de dezembro de 2012”.

A empresa terá de vender ativos para reduzir o endividamento, caso contrário, poderá ser obrigada a pagar antecipadamente uma dívida de US$ 2,2 bilhões, por conta de cláusulas (covenants) que a impedem de ultrapassar alguns limites de dívidas.

A cláusula mais restritiva prevê que a dívida em relação ao lajida não pode ultrapassar 4,75 vezes, mas já chegou a 4,4 vezes. “Com a esperada deterioração dos resultados operacionais no segundo trimestre, o teste desse covenant deve se aproximar, ou até ultrapassar, seu nível máximo até 30 de junho de 2013”, diz o relatório.

A perspectiva negativa dos ratings reflete esse aperto de liquidez da Marfrig e a iminente violação dos covenants, afirma a Fitch.

A Fitch acredita, por isso, que a Marfrig deverá se desfazer de alguns negócios, o que já estaria em andamento.

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