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Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2010 às 13h15.
São Paulo - Novos documentos de uma investigação feita pelo Senado dos EUA mostram executivos de alto escalão do Goldman Sachs comemorando os ganhos que amealharam na medida em que ativos ligados a hipotecas subprime viam um colapso de seus valores em 2007. O Goldman emergiu mais forte do que seus concorrentes depois do colapso do setor imobiliário e da subsequente crise financeira. Mas, agora, o banco está no epicentro de uma controvérsia sobre os métodos utilizados para obtenção de dinheiro durante o derretimento dos preços de imóveis e do mercado.
No dia 16 de abril, a Securities & Exchange (SEC, o equivalente à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil) acusou a empresa e um de seus executivos de enganarem investidores. A SEC alega que o Goldman Sachs não revelou que um fundo de hedge cliente da instituição ajudou a elaborar produtos que perderiam valor rapidamente. O Goldman Sachs afirmou que não fez nada de errado, destacando que os investidores eram instituições sofisticadas que sabiam o produto que estavam adotando.
Vários dos principais executivos do banco, incluindo o executivo-chefe, Lloyd Blankfein, devem prestar um testemunho ao subcomitê permanente de investigações do Senado, na terça-feira. O subcomitê coletou a última série de documentos durante os 18 meses de investigação sobre a crise financeira.
Em uma troca de e-mails, Blankfein parece ter o conhecimento direto e amplo da estratégia da empresa.
"Claro, nós não evitamos a confusão hipotecária", disse Blankfein em e-mail no dia 29 de novembro de 2007. "Nós perdemos dinheiro, mas depois fizemos mais do que perdemos em razão dos vendidos. Também, ainda não acabou, por isso quem sabe como serão os desdobramentos no final das contas". O executivo enviou o e-mail após ter tomado o conhecimento sobre um artigo que seria publicado no New York Times sobre o Goldman. O artigo com o título "Empresa de Wall Street se remexe em lucros na crise de crédito" foi publicado em 19 de novembro de 2007.
Os e-mails também mostram outros executivos do Goldman comemorando as notícias de que alguns ativos relacionados a hipotecas tinham seus ratings rebaixados pelas agências de avaliação de risco no final de 2007.
O operador top Michael Swenson afirmou que, como resultado dos rebaixamentos, determinados pagamentos que o Goldman teria que fazer a investidores seriam "zerados" ou anulados. "Parece que vamos fazer dinheiro sério", respondeu outro executivo, Donald Mullen.
Em um outro momento em julho de 2007, executivos do Goldman parecem discutir como seus números em investimentos em hipotecas subiriam, a despeito das grandes perdas de produtos conhecidos como obrigação da dívida colateralizada (CDO) e hipotecas residenciais.
"Diz o que poderia estar acontecendo a pessoas que não tivessem posições vendidas grandes", escreveu o diretor financeiro, David Viniar, em e-mail.
Em um comunicado distribuído neste sábado, o senador Carl Levin, presidente do subcomitê que vai ouvir o testemunho do Goldman, afirmou que bancos de investimentos como o Goldman "tinham interesses próprios em promover esquemas financeiros complicados e de risco que ajudaram a acionar o gatilho da crise", disse.
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