Dólares: no mercado futuro de dólar, o contrato mais líquido, com vencimento em setembro, estava com perda de 1,09% (Oscar Siagian/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2012 às 18h27.
São Paulo - O dólar caiu 1,07% no mercado à vista de balcão, para R$ 2,028 na sexta-feira, seguindo o comportamento visto pela moeda no exterior e contrariando totalmente as perspectivas mais recentes. Ainda na véspera, diante da decepção com as decisões dos bancos centrais da Europa, dos Estados Unidos e do Reino Unido, os especialistas do mercado doméstico de câmbio cravavam a estimativa de que a cotação da moeda norte-americana ficaria rondando os R$ 2,05.
Afinal, a expectativa de que houvesse medidas de estímulo à economia, que jogariam liquidez nos mercados, foi frustrada e as moedas já tinham antecipado os fatos que acabaram não ocorrendo. Portanto, nada mais lógico que houvesse um ajuste para cima no patamar das cotações.
O comportamento dos mercados nesta sexta-feira mostrou, porém, que os investidores ainda estão sensíveis a qualquer novidade que envolva a crise das dívidas soberanas e as perspectivas para o crescimento das maiores economias do planeta. Até porque, não surgiu nada que indique um caminho firme para a resolução dos problemas. Bastaram alguns indicadores melhores do que esperado e sinalizações de mudanças na Europa para criar euforia nos diferentes ativos.
A queda do dólar ante o real seguiu, principalmente, a trajetória do euro. A moeda única subiu desde cedo, refletindo dados melhores que o esperado na atividade da zona do euro no setor de serviços e sobre as vendas do varejo na região. O destaque ficou para o PMI na Espanha, que contrariou a previsão de queda e subiu em julho.
Os investidores também fizeram uma segunda leitura das declarações de Mario Draghi e migraram o foco para o retorno (yields) dos bônus de dois anos da Itália e da Espanha, após o presidente do BCE ter dito que qualquer compra adicional de papéis para combater a crise da zona do euro estaria concentrada nos títulos de curto prazo. A perspectiva de que a ação do BCE na compra de bônus possa ocorrer no curto prazo cresceu ainda mais depois que o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, sugeriu que pode considerar requerer ajuda do fundo de resgate da zona do euro a fim de aliviar o aprofundamento da crise financeira no país. O quadro foi completado por notícias sugerindo que o país não vai impedir o plano de Draghi de comprar bônus de países problemáticos do bloco.
Os Estados Unidos contribuíram com o otimismo ao divulgar dados sinalizando melhora no mercado de trabalho. Em julho, foram criados 163 mil empregos, mais que os 95 mil estimados por economistas consultados pela Dow Jones. Ainda assim, é necessário ponderar que o dado anterior foi revisado para pior e a taxa de desemprego ficou em 8,3% ante estimativas de 8,2%.
No mercado futuro de dólar, o contrato mais líquido, com vencimento em setembro, estava com perda de 1,09%, a R$ 2,039, às 17h33. O dólar à vista da BM&F encerrou o pregão com recuo de 1,01%, a R$ 2,0275, com somente três negócios.