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Entre vacinas e Brasília: o que esperar do Ibovespa em abril?

Expectativas por aceleração no ritmo da vacinação no país e aproximação do governo com Congresso podem dar um tom mais positivo para o mercado no começo do mês

Para gestores, cenário deve seguir favorável para Bolsa em junho, enquanto o dólar deve buscar patamares ainda mais baixos | Foto: Amanda Perobelli/Reuters   (Amanda Perobelli/Reuters)

Para gestores, cenário deve seguir favorável para Bolsa em junho, enquanto o dólar deve buscar patamares ainda mais baixos | Foto: Amanda Perobelli/Reuters (Amanda Perobelli/Reuters)

PB

Paula Barra

Publicado em 1 de abril de 2021 às 07h10.

Última atualização em 1 de abril de 2021 às 07h42.

Embora ainda longe da máxima do ano (atingida no dia 8 de janeiro, em 125.076 pontos), o Ibovespa encerrou o mês de março com ganhos de 6,0%, impulsionado por ações de commodities e de empresas cíclicas, que tendem a se beneficiar da reabertura econômica. Isso porque, apesar do país viver o pior momento da pandemia, o mercado começa a ver uma perspectiva um pouco mais positiva sobre as campanhas de vacinação no país – o que pode ajudar a estender o tom mais favorável para a Bolsa em abril. 

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“Se realmente tivermos uma aceleração na vacinação, como está se mostrando que deve acontecer, e lá fora realmente se mantiver um cenário comportado em termos de juros e perspectivas de inflação, acredito que podemos ter um mês bem positivo para a Bolsa”, disse Bruno Lima, analista-chefe da EXAME Invest Pro.  

Na última quarta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a meta do governo é alcançar o patamar de um milhão de pessoas vacinadas por dia contra covid no país, o que, segundo ele, pode ser atingido já neste mês.

Em São Paulo, o estado avalia não renovar a fase emergencial e projeta reabrir o comércio de rua a partir do dia 26, após primeiros sinais de que novos casos de internação por covid parou de crescer, segundo fontes do Palácio do Bandeirantes ouvidas pelo Broadcast. 

"Para abril, temos uma perspectiva um pouco melhor, com expectativa por avanços na agenda política, com a entrada de novos ministros, e em relação à pandemia. As medidas de isolamento tendem a melhorar um pouco o número de casos e, com o aumento da vacinação, a primeira quinzena do mês tende a ser melhor que a última de março", apontou Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual digital

Nesse caso, ações que dependem da reabertura econômica, como de consumo doméstico, devem se beneficiar.

"Para o fim do mês, as empresas vão começar a divulgar seus balanços do primeiro trimestre. Embora a ampla maioria não deva ser muito empolgante, tirando o segmento de commodities, o discurso das empresas, principalmente de consumo doméstico (que foram bastante penalizadas pela pandemia), deve melhorar daqui para frente, com vacinação acelerando e pelo fato de que muitas delas ajustaram muito a parte das despesas", apontou Lima.

Do lado político, a reforma ministerial trouxe uma leitura de possível maior governabilidade para o presidente Jair Bolsonaro. Principalmente, com a demissão de Ernesto Araújo do ministro das Relações Exteriores e entrada da deputada Flávia Arruda para a Secretaria de Governo. Para o mercado, as trocas foram um aceno do governo ao Congresso, o que pode facilitar o andamento das reformas, que começa com o Orçamento.

"O mercado tem minimamente uma percepção de que a parte fiscal está sendo organizada e que o governo não vai deixar aquele Orçamento fictício estourar, ventando parcialmente algumas das emendas", disse Lima.

Ainda assim, o tema vai requer atenção dos investidores. Qualquer deslize sobre o teto dos gastos, pode adicionar volatilidade.

"Avalio ainda a questão do governo e a discussão em torno do Orçamento, que ainda não está clara, com muita atenção", pontuou Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.

"Fechamos um primeiro trimestre muito ruim, com a situação complicada em relação à pandemia. Se a curva de novos casos de covid não diminuir, serão necessários mais gastos extraordinários. Vejo um começo de mês com mais volatilidade".

Por outro lado, no exterior, o plano para infraestrutura de 2,25 trilhões de dólares do presidente americano Joe Biden, detalhado no final da tarde de ontem, joga mais liquidez na economia e deve continuar beneficiando commodities, enquanto pode empurrar o dólar globalmente para baixo.  

"O pacote, em tese, é positivo, especialmente para empresas de commodities e com forte relação com os Estados Unidos. Vimos pelo comportamento das ações de siderurgia ontem. Mesmo com o dólar em queda, a Gerdau (GGBR4) subiu mais de 2%. Além disso, esses planos de estímulos vão se estender para Europa, o que deve contribuir para a retomada econômica. E a China nem se fala, o próprio PMI de manufatura de março mostra isso", comentou Bertotti.

O índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) de manufatura da China subiu para 51,9 em março, ante 50,6 em fevereiro, superando as estimativas do mercado de 51,2 compiladas pelo The Wall Street Journal, de acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas na última terça-feira.

Com o pacote de estímulos dos EUA, o índice acionário americano S&P 500 fechou ontem com alta de 0,36%, acumulando em março ganhos de mais de 4%. Esse foi o quarto mês seguido no positivo do índice e o melhor mês desde novembro.

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