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Em ritmo acelerado de crescimento, Vulcabras registra lucro líquido 55% maior no 1º trim.

Dona da Mizuno, Olympikus e Under Armour, fabricante de calçados esportivos está descolando do setor, diz CEO em entrevista à EXAME Invest

Vulcabras: lucro salta 55% e receita bate novo recorde (Vulcabrás/Divulgação)

Vulcabras: lucro salta 55% e receita bate novo recorde (Vulcabrás/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 2 de maio de 2023 às 20h03.

Última atualização em 2 de maio de 2023 às 20h15.

Em ritmo de crescimento constante, a fabricante de calçados esportivos Vulcabras (VULC3), dona da Olympikus, Mizuno e Under Armour, registrou mais um avanço de lucro líquido trimestral. A última linha do balanço somou R$ 83,7 milhões, um salto de 55% ante o mesmo período de 2022. Aumento que também é esperado no segundo trimestre com a expectativa de um Dia das Mães forte, apesar de um abril mais desafiador.

"Mais uma vez vamos descolar um pouco do setor, inclusive dos concorrentes", argumenta Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras, em entrevista à EXAME Invest. Nos últimos anos, a empresa deu foco ao mundo esportivo, abrindo mão da marca de calçados femininos Azaleia, cuja licença foi para a Grendene, e comprando a Mizuno, que pertencia à Alpargatas (ALPA4).

A decisão tem se mostrado, até agora, um acerto da direção da companhia. O primeiro trimestre foi o décimo de crescimento de receita, que chegou a R$ 571,1 milhões, 19,6% mais do que um ano antes. O crescimento de faturamento veio acompanhado também de ganhos de rentabilidade. O Ebitda (lucro líquido antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 39,8%, para R$ 116,9 milhões, com a margem chegando a 20,5%, 3 pontos percentuais a mais do que um ano antes.

Além da decisão estratégica, a companhia começou a observar uma estabilidade nos preços de matéria-prima, bem como viu o ganho de escala ajudar a diluir o custo de produção, o que tem ajudado nas margens junto com o aumento de participação dos produtos de maior valor agregado, observa Wagner Dantas, CFO da Vulcabras.

"Não são números e resultados que são de uma situação desse momento. São uma construção de crescimento das nossas margens, fruto das decisões que nós tomamos. Não são circunstâncias de mercado"Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras

Embora tenha havido pressão nas vendas dos mercados externos, especialmente pelo mercado argentino, a fabricante viu seu principal mercado (cerca de 90%), o Brasil, seguir crescendo fortemente. As vendas cresceram 27,5% no mercado interno e caíram 30% no externo.

Parte importante do avanço das vendas veio do canal de varejo online, no qual a companhia tem feito investimentos mais recentes, como o centro de distribuição próprio em Extrema (MG). O canal cresceu 120% em vendas, passando de 4,8% da receita total para 8,9%.

Vulcabras vai pagar R$ 36 milhões em dividendos

A companhia também anunciou o pagamento de dividendos intercalares no valor de R$ 0,15 por ação, de aproximadamente R$ 36 milhões, mantendo o pagamento trimestral. "Devemos manter não só a recorrência, mas o patamar de pagamento constante. Pode acelerar. Hoje pela Selic atual, não vale a pena alavancar, mas eventualmente com queda dos juros podemos ter um payout maior", diz o CFO.

Benefícios fiscais

De acordo o CFO, hoje cerca de 40% do lucro líquido da companhia está atrelado a benefícios fiscais estaduais ou federais, que se estendem a todo o setor calçadista. O tema tem ganhado destaque com a discussão da reforma tributária e a busca do governo federal por ampliar sua arrecadação.

"Todos [os benefícios do setor] têm cunho destinado a investimento, nenhum tem para custeio. Nas discussões de reforma, esse tipo incentivo vem sendo mais preservado", argumenta o CFO. Hoje, com fábrica em Horizonte, no interior do Ceará, a companhia emprega 11 mil pessoas da cidade, cuja população estimada é de 67 mil pessoas. "É preciso manter a competitividade e os benefícios de quem colabora mais para o desenvolvimento do país", acrescenta o CEO.

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