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Dólar vai cair mais? A visão de analistas estrangeiros para o câmbio

As principais moedas latino-americanas subiram neste ano. O real registra o maior ganho, de 8,7%, e o peso mexicano, que menos avançou, se apreciou 1,3%

Dólar continua em trajetória de queda | Foto: Adrienne Bresnahan/GettyImages (Adrienne Bresnahan/Getty Images)

Dólar continua em trajetória de queda | Foto: Adrienne Bresnahan/GettyImages (Adrienne Bresnahan/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 19 de fevereiro de 2022 às 09h45.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2022 às 13h13.

Por George Lei*

As moedas latino-americanas estão se recuperando depois de um 2021 sombrio. Investidores estão aprendendo a conviver com o risco político e focando no aumento dos juros locais e dos preços de commodities. A expectativa é a de valorização adicional para pelo menos duas dessas moedas: do Brasil e do Chile.

Brasil, Chile e Peru têm as divisas de melhor desempenho entre os mercados emergentes neste ano. É uma reviravolta em relação ao ano passado, quando a América Latina tinha quatro das seis moedas de pior desempenho.

“As moedas latino-americanas permanecem muito baratas nos níveis atuais”, disse Andres Pardo, estrategista-chefe de macroeconomia da América Latina na XP Investimentos. A combinação de alta de juros e avaliações reduzidas deve “atrair contas internacionais cheias de dinheiro interessadas em aumentar a exposição regional”.

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Pardo destacou o real, que, segundo a taxa de câmbio real, está cerca de 40% mais barato do que seu valor justo e é uma das moedas especialmente subvalorizadas da região.

Peso colombiano e peso chileno também estão significativamente subvalorizados, segundo ele. A alta dos preços do cobre e do minério de ferro e as elevações de juros tornam os valores dessas moedas mais atraentes.

Os bancos centrais latino-americanos foram os primeiros a subir juros no ano passado e autoridades no Chile e na Colômbia surpreenderam os mercados com acréscimos substanciais neste ano, em preparação para o aperto monetário nos Estados Unidos. O mercado especula sobre aumentos emergenciais de juros nos dois países diante da disparada da inflação.

No Brasil, a taxa Selic agora em 10,75% ao ano é a mais alta em quase cinco anos.

As moedas devem se apreciar ainda mais graças a “avaliações mais atraentes, o auge dos riscos idiossincráticos, ciclos de aperto mais agressivos e preços de commodities mais fortes”, afirmaram os estrategistas Saad Siddiqui e Gisela Brant, do JPMorgan, em nota enviada a clientes em 10 de fevereiro.

Esses “riscos idiossincráticos” são principalmente políticos. Chile e Peru elegeram governos de esquerda no ano passado e Colômbia e Brasil dão sinais de que vão seguir seus passos em 2022. As preocupações dos investidores estão diminuindo, já que os novos líderes de esquerda não parecem inclinados a reverter políticas que sustentam a economia de livre mercado.

Alta de preços das commodities

Todas as principais moedas latino-americanas subiram neste ano. O real registra o maior ganho, de 8,7%, enquanto o peso mexicano, que menos avançou na região, se apreciou 1,3%.

Os preços das commodities podem ser o grande catalisador para valorização adicional.

Enquanto os juros sobem em todo o mundo desenvolvido, a China intensificou esforços para impulsionar sua economia, anunciando o primeiro corte de juros desde abril de 2020.

O índice de commodities Bloomberg, medido em dólares, subiu 8,7% em janeiro, o maior avanço para o mês desde 1980. A cotação à vista do minério de ferro se apreciou mais de 16%. O índice estendeu os ganhos em 3,5% neste mês, embalado pela alta de 5% do cobre.

Em busca de vencedores

Os investidores preferem particularmente as moedas do Brasil e do Chile, que lideram em 2022 o ranking de moedas de 31 países desenvolvidos e emergentes acompanhadas pela Bloomberg.

No Brasil, investidores estrangeiros e locais aceitaram a perspectiva de Luiz Inácio Lula da Silva voltar à presidência. Derivativos apontam que o nível de otimismo dos investidores estrangeiros com o real é o maior em quase quatro anos. Na B3, os não residentes compraram 32,5 bilhões de reais em ações em janeiro.

O Brasil “é nossa principal escolha para a região tanto em renda fixa quanto em ações” e “um real ainda subvalorizado deve dar suporte aos preços dos ativos”, escreveram os estrategistas Kathryn Rooney Vera e Gregan Anderson, da Bulltick, na semana passada.

O Citigroup recomenda o pareamento de posições compradas em moedas do Chile, do Brasil e do Uruguai com uma “posição vendida menor em pesos colombianos”.

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