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Dólar reduz alta, mas segue pressionado por cena política

A moeda norte-americana acumulou alta de 4,79% só nas duas sessões anteriores, sendo que havia despencado 10,30% neste mês até o fim da semana passada


	Dólares: às 13h37, o dólar avançava 0,47%, a 3,7806 reais na venda, após atingir 3,8542 reais na máxima do dia
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Dólares: às 13h37, o dólar avançava 0,47%, a 3,7806 reais na venda, após atingir 3,8542 reais na máxima do dia (thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2016 às 13h52.

São Paulo - O dólar avançava sobre o real nesta quarta-feira, reagindo a temores de que o governo possa promover mudanças fortes na política econômica com a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ministério, turbinados ainda por notícias de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, pode deixar o cargo.

A moeda norte-americana, no entanto, reduziu o avanço e voltou a operar abaixo de 3,80 reais no início da tarde, sucumbindo a realização de lucro e a especulações sobre o possível substituto de Tombini no BC.

Às 13h37, o dólar avançava 0,47%, a 3,7806 reais na venda, após atingir 3,8542 reais na máxima do dia.

A moeda norte-americana acumulou alta de 4,79% só nas duas sessões anteriores, sendo que havia despencado 10,30% neste mês até o fim da semana passada.

"Isso (mudança na política econômica) é muito ruim para o Brasil. Seria uma volta à nova matriz econômica", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.

Essas expectativas ganharam força nas últimas sessões conforme cresceram as especulações de que Lula iria assumir um ministério, algo que investidores também acreditam que diminuiria as chances do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Lula será ministro da Casa Civil, disseram nesta quarta-feira os líderes do governo e do PT na Câmara dos Deputados, no lugar de Jacques Wagner.

O dólar acelerou a alta com a confirmação e atingiu as máximas do dia, para em seguida perder fôlego com realização de lucros.

A apreensão nesta sessão também veio com a notícia de que Tombini pode deixar a presidência do BC.

Segundo disse uma fonte à Reuters, isso aconteceria se o governo fizer forte mudança na política econômica, como está sendo sinalizado com a chegada Lula na Esplanada dos Ministérios.

Mais cedo, o jornal Valor Econômico publicou em seu site que Tombini estaria dando sinais de que pedirá para deixar o cargo.

Com isso, discutia-se nas mesas de operação quem poderia substituir Tombini e o nome do ex-presidente do BC Henrique Meirelles, que o mercado vê como alguém mais ortodoxo, voltou a ser bastante comentado.

"O mercado está muito volátil e guiado pelo noticiário. Não descartamos mudanças súbitas de direção (do câmbio) no caso de novos acontecimentos --algo que não é difícil de encontrar no Brasil hoje em dia", escreveram estrategistas do banco BNP Paribas em nota a clientes.

O cenário local deixou em segundo plano a decisão do Federal Reserve, que será divulgada às 15:00 (horário de Brasília) e seguida de entrevista da chair, Janet Yellen, meia hora mais tarde.

Operadores esperam que o banco central norte-americano mantenha os juros agora, mas querem ver pistas sobre quando pretende voltar a elevá-los.

Nesta manhã, o BC realizou mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril com venda integral dos 9,6 mil contratos.

Até o momento, o BC já rolou 5,535 bilhões de dólares, ou cerca de 55% do lote total para abril, que equivale a 10,092 bilhões de dólares.

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