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Dólar recua com medidas fiscais do governo

O mercado monitorou as notícias que vinham do exterior, como os números revisados do PIB americano no quarto trimestre de 2015


	Dólar: o dólar à vista de balcão terminou em baixa de 0,76%, aos R$ 2,8560
 (Karen Bleier/AFP)

Dólar: o dólar à vista de balcão terminou em baixa de 0,76%, aos R$ 2,8560 (Karen Bleier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2015 às 18h13.

São Paulo - As medidas e os dados fiscais divulgados na quinta-feira, 26, e nesta sexta-feira, 27, no Brasil definiram o recuo do dólar ante o real hoje.

Além disso, o mercado monitorou as notícias que vinham do exterior, como os números revisados do PIB americano no quarto trimestre de 2015.

O dólar à vista de balcão terminou em baixa de 0,76%, aos R$ 2,8560.

Já a moeda para abril - a mais líquida a partir de hoje e que encerra apenas às 18 horas - cedia 1,75%, aos R$ 2,8835.

As novidades na área fiscal reforçaram, na visão do mercado, a ideia de que o governo federal está, de fato, em busca de um superávit fiscal de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.

Pela manhã, os mercados já repercutiam as medidas fiscais anunciadas ontem.

Em edição extra do Diário Oficial, o governo divulgou decreto com a reprogramação da execução financeira dos órgãos do Poder Executivo para o primeiro quadrimestre.

As despesas com custeio e investimentos foram limitadas a R$ 75,155 bilhões.

Desse montante, R$ 15,175 bilhões serão usados exclusivamente para pagamento de despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Outros R$ 59,980 bilhões irão para as demais demandas.

Já na manhã de hoje o Diário Oficial trouxe uma medida provisória que revisa as regras de desoneração da folha de pagamento de setores produtivos, altera a legislação tributária incidente sobre bebidas frias e dispõe sobre medidas tributárias referentes à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

Na prática, torna o recolhimento das empresas na folha maior, de 4,5% a 2,5% sobre o faturamento, e não mais de 2% a 1%.

Em algumas situações, porém, a alíquota permanecerá em 2% até o encerramento dos projetos.

É o caso das obras matriculadas no Cadastro Específico do INSS (CEI) no período entre 1º de abril de 2013 e 31 de maio de 2013.

Hoje, 56 segmentos contam com o benefício da desoneração da folha, criado pelo governo Dilma Rousseff em 2011.

O dólar sustentava ganhos ante o real no início do dia, em sintonia com o que era visto no exterior, mas quando o Banco Central divulgou os dados do setor público consolidado, o dólar virou e passou a renovar mínimas ante o real. Isso porque o Banco Central anunciou superávit primário de R$ 21,063 bilhões em janeiro - o maior para o mês desde 2012 e acima do esperado pelo mercado.

Na máxima da sessão, a moeda americana marcou R$ 2,9170 no balcão (+1,39%) e, na mínima, atingiu R$ 2,8460 (-1,11%).

Da máxima para esta mínima, a moeda oscilou 2,43%, num sinal de alta volatilidade.

Além das novidades na área fiscal brasileira, o mercado monitorou as notícias que vinham do exterior, como os números revisados do PIB americano no quarto trimestre de 2015: houve crescimento de 2,2% no período, ante os +2,6% da primeira divulgação.

No entanto, a previsão do mercado era de revisão para alta de 2%, o que deixa margem para interpretações diversas dos dados.

Como sempre, a dúvida é se o Federal Reserve elevará os juros no curto ou no médio prazo.

E se pela manhã o dólar ainda apresentou oscilação maior por conta de fatores técnicos, já que investidores comprados (que apostam na alta da moeda) e vendidos (que querem o recuo) disputavam a formação da ptax de fim de mês, à tarde a divisa dos EUA teve maior liberdade para oscilar.

Isso se traduziu numa pequena aceleração do recuo do dólar após o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, começar a falar.

Em entrevista, o ministro anunciou mais novidades na área fiscal. Segundo ele, um decreto vai regulamentar a alíquota do Reintegra - mecanismo de devolução de valores tributários para empresas exportadoras - em 1%.

Antes, 3% eram devolvidos.

"O valor do Reintegra variava de 0,1% a 3%, mas é para ser regulamentado. O valor mais adequado é de 1%", defendeu.

No exterior, o dólar tinha direção mista ante outras divisas. Há pouco, cedia ante o dólar australiano (-0,22%), o dólar canadense (-0,04%) e o dólar neozelandês (-0,48%), mas subia ante o rand sul-africano (+1,24%) e a lira turca (+0,08%).

Pela manhã, o Banco Central fez o leilão de swap cambial previsto (equivalente à venda de moeda no mercado futuro), no qual colocou 2 mil contratos (US$ 98 milhões).

Na próxima segunda-feira, 2 de março, ocorre o vencimento dos contratos de derivativos cambiais de março. A ptax de hoje (R$ 2,8782, em alta de 0,19% no dia e de 8,11% no mês) servirá de referência para liquidação destes contratos.

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