Cédulas de dólares: no balcão, o dólar oscilou entre a mínima de R$ 2,0170e a máxima de R$ 2,0290 (Jo Yong hak/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2012 às 17h56.
São Paulo - O dólar à vista no balcão encerrou a quarta-feira com queda de 0,15%, cotado a R$ 2,0240. O declínio do dólar ante o real ocorreu de forma concomitante ao avanço dos índices acionários globais e esteve alinhando ao movimento da moeda norte-americana ante divisas de elevada correlação com os preços das commodities. A melhora de humor no exterior, com o setor de tecnologia impulsionando as bolsas nos Estados Unidos, e as observações do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, reiterando a possibilidade de estímulos adicionais à economia norte-americana contribuíram para o recuo do dólar.
Analistas também viram consonância entre o conteúdo do Livro Bege e as ponderações de Bernanke, com o documento relatando que a economia se expande em ritmo de moderado a modesto. Em depoimento no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, Bernanke afirmou que "é certamente possível que nós adotemos ações adicionais se concluirmos que não estamos fazendo progressos em direção a níveis maiores de emprego".
"Com a percepção de que os EUA estão prontos para agir, se necessário, o dólar não aguentou, ficando de lado e até mesmo recuando ante o real", disse um operador. "A percepção é de que mais estímulos também significam mais dólares vindo para o Brasil. Os investidores precisam de alternativas. Na Europa, por exemplo, a opção se resume à Alemanha", citou.
No balcão, o dólar oscilou entre a mínima de R$ 2,0170 (-0,49%) e a máxima de R$ 2,0290 (+0,10%). Para o fechamento, o declínio perdeu fôlego diante da percepção dos agentes financeiros de que o governo está inclinado a manter a moeda oscilando em um intervalo estreito. Na BM&F, a moeda spot fechou em R$ 2,0260, com leve alta de 0,05% (dado preliminar). O giro financeiro total somava US$ 2,171 bilhões (US$ 1,914 bilhão em D+2) perto das 16h30. Há pouco, o dólar para agosto de 2012 estava em R$ 2,026 (+0,05%).
No exterior, a perspectiva relacionada a um novo relaxamento quantitativo pelo Fed também contribuiu para que o dólar australiano registrasse o nível mais alto em 11 semanas ante o dólar norte-americano nesta quarta-feira, com os investidores buscando uma taxa de retorno mais elevada quando comparada ao euro, por exemplo, e ao dólar.
Vale notar que, em oposição à trajetória ante inúmeras divisas, o dólar mostrou avanço em grande parte do dia ante o euro. Um estrategista do UBS observa que a queda do euro foi ampla e puxada por declarações de autoridades, como a afirmação da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, de que o "projeto (euro) ainda não foi construído até um ponto em que possamos ter certeza de que tudo vai dar certo no final". "Os investidores precisavam de poucas desculpas para continuar vendendo euros", disse o profissional. Operadores no exterior avaliam que o recuo do euro ante o dólar também afetou o nível da rupia ante a moeda norte-americana. A moeda indiana bateu o menor nível em uma semana ante o dólar nesta quarta-feira.
Entre os dados divulgados no País, o BC informou que o fluxo cambial ficou negativo em US$ 212 milhões em julho até o dia 13, fazendo com que o acumulado de julho, que era positivo, passasse a registrar saída líquida. A saída de dólares ocorreu pela via comercial. O fluxo financeiro ficou positivo (US$ 798 milhões) e o comercial foi negativo (US$ 1,010 bilhão) em julho até o dia 13. Analistas enfatizaram que o número negativo na via comercial parece acompanhar a perspectiva nebulosa para a economia global e para a demanda externa consumidora.