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Dólar fecha acima de R$ 5,50 com possível volta de guerra comercial

Donald Trump ameaça retaliar China com novas tarifas por coronavírus e mercado vê possível acirramento de disputa; política interna também pressiona real

 (halduns/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de maio de 2020 às 17h15.

Última atualização em 4 de maio de 2020 às 17h22.

A moeda americana iniciou a semana em alta frente ao real, refletindo a crescente preocupação sobre a tensão entre as duas principais economias do mundo em torno da origem do coronavírus. O presidente Donald Trump, que acusa a China de ser a principal culpada pela doença, chegou a ameaçar retaliar o país asiático com novas tarifas. A instabilidade da política brasileira também jogou contra o real. Com isso, o dólar comercial subiu 1,6% no pregão desta segunda-feira, 4, e encerrou cotado a 5,522 reais. O dólar turismo subiu 0,3%, a 5,75 reais.

As recentes declarações de Trump foram encaradas como um reinício da disputa comercial entre as duas principais economias do mundo. “Em uma briga desse tamanho, voa ferpa para todo mundo”, disse Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Para Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, a situação é uma continuidade da guerra comercial que vinha se arrastando desde 2018. "Com a China saindo antes da pandemia e ganhando mercados em cima do resto do mundo, Trump acabou se sentindo ameaçado.” 

Velloni cita que as acusações do presidente americano também visam as eleições do fim do ano. “Os EUA está com recorde de desemprego e uma retração bem forte. Então, ele acaba tomando medidas populistas para mostrar que está batendo na China", disse.

No cenário interno, a política, que chegou a ajudar o mercado na semana passada, com a sinalização da permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a pressionar negativamente. 

Além da relação conturbada entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal, após a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal, os depoimentos de Sergio Moro e os desdobramentos sobre a aliança de Jair Bolsonaro com membros do chamado "centrão" preocupam.

Segundo Velloni, os novos acontecimentos de Brasília tem gerado desconfiança no mercado sobre a capacidade de Bolsonaro governar o país. "Não vejo uma redução, no curto prazo, da pressão interna em cima da moeda. Isso vai perdurar, pelo menos, até o Executivo conseguir passar algo na Câmara e no Senado", avaliou.

“O momento político está delicado demais. Se continuar tenso, o dólar pode alcançar novas máximas históricas”, afirmou Nagem.

No exterior, o dólar se fortaleceu frente a uma série de moedas, como a libra esterlina e o euro. Divisas de países emergentes também sofreram contra o dólar, como foi o caso do peso mexicano e do rand sul-africano.

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