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Dólar a R$ 5? Teoria de ciclo baixista em mercado global ganha força

Expectativa é que o banco central americano continue investindo na manutenção de juros baixos pelos próximos anos e isso enfraqueça mais a moeda

O dólar acumula desvalorização de 13% desde o pico em março (Jorge Araujo/Fotos Públicas)

O dólar acumula desvalorização de 13% desde o pico em março (Jorge Araujo/Fotos Públicas)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 15h01.

Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 15h26.

(Bloomberg) Estrategistas que apostam na queda do dólar no mercado global começam a ver sinais de confirmação de sua teoria defendida há anos.

O dólar cai em espiral, testando níveis vistos pela última vez em abril de 2018, segundo desempenho monitorado por um índice da Bloomberg. A queda é parte de um movimento mais amplo nos mercados financeiros para precificar perspectivas de crescimento mais positivas em 2021 e o potencial de oportunidades de investimento melhores fora dos Estados Unidos, em grande parte pela esperança de uma vacina contra o coronavírus.

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Os que apostam na queda do dólar são incentivados pela amplitude das quedas da moeda nesta semana: o euro, o dólar australiano, o dólar canadense e o won coreano atingiram os maiores níveis em mais de dois anos, enquanto o franco suíço está na maior cotação desde 2015. A libra está no maior patamar em cerca de um ano, mesmo em meio à incerteza em torno do Brexit.

“O dinheiro está novamente em ação depois das posições defensivas no dólar”, disse Chris Turner, estrategista de câmbio do ING. “As notícias sobre as vacinas reforçam a visão de uma recuperação global sincronizada em 2021; o dólar pode cair entre 5% e 10% no próximo ano.”

Uma maior desvalorização do dólar pode ser resultado de apostas recordes de queda de gestores de ativos. O foco renovado no estímulo fiscal dos EUA nos últimos dias veio como um novo golpe contra o dólar. Em outro sinal de como os investidores estão cada vez mais otimistas quanto às perspectivas de crescimento econômico e desenvolvimento de vacinas, as ações dos EUA estão em máximas históricas e as commodities também avançam.

Tudo isso dá crédito aos que alertam em Wall Street que o dólar vai passar por um ciclo baixista, com o Federal Reserve (Fed), banco central americano, investindo na manutenção de juros baixos pelos próximos anos.

O dólar acumula desvalorização de 13% desde o pico em março. A moeda caiu 8% em relação ao franco suíço e cerca de 4% frente ao iene em 2020, moedas que também são vistas como porto seguro, destacando o impacto do estímulo sem precedentes do Fed.

O Credit Suisse prevê que o euro pode subir para 1,25 dólar até o final de 2021, enquanto a Goldman Sachs Asset Management recomenda apostar na queda do dólar em relação ao yuan e vê ganhos adicionais para o euro e o iene. Morgan Stanley e Citigroup também projetam um dólar mais fraco.

“O apetite por risco pareceu ganhar mais impulso nesta semana -- achamos que isso deve acelerar a queda do dólar no curto prazo”, disse Terence Wu, estrategista de câmbio do Oversea-Chinese Banking, em Cingapura. “Esta rodada de fraqueza do dólar está ainda mais focada no espaço do G-10”, embora “esperemos que a baixa do USD-Ásia se amplie com o tempo”.

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