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Para onde vai o dólar em 2021? 4 bancos e corretoras respondem

Fatores externos devem contribuir para a queda da moeda americana, mas incertezas fiscais preocupam e podem evitar uma desvalorização acentuada

Dólar: mercado projeta dólar mais desvalorizado no próximo ano, mas distante do patamar de 4 reais (halduns/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 26 de dezembro de 2020 às 06h20.

Última atualização em 29 de dezembro de 2020 às 13h54.

O início da maior pandemia em um século, que resultou em uma fuga de capitais do país no primeiro semestre levou o dólar a quebrar sucessivos recordes ao longo de 2020. Em sua maior cotação do ano, a moeda tocou 5,972 reais, algo inimaginável em 2019, quando o dólar estava cotado em 4 reais. Para o próximo ano, as estimativas do mercado são que o dólar caia, mas não para os níveis do ano passado.

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A expectativa é que alguns dos fatores que ajudaram a derrubar o dólar de 5,70 reais, do início de novembro, para a casa dos 5,20 reais sigam presentes no início do próximo ano. Entre eles estão os planos de vacinação que prometem enfraquecer a pandemia e a eleição de Joe Biden , que vai assumir a Presidência dos Estados Unidos em janeiro.

“O presidente Biden deve induzir a um menor nível de aversão a risco global, o que favorece o desempenho de moedas emergentes, inclusive o real. O Biden é um estadista mais previsível [do que Donald Trump] e menos errático em algumas questões com a China”, diz Alejandro Ortiz, economista da Guide, que projeta o dólar em 4,90 reais no fim de 2021.

Desde o começo de novembro, quando a vitória de Biden foi definida, investidores estrangeiros colocaram 50 bilhões de reais na bolsa brasileira, depois de terem tirado mais de 65 bilhões de reais nos primeiros dez meses do ano.

Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual Digital, acredita que o real deve seguir se beneficiando desse fluxo internacional nos primeiros meses do ano, mas vê a possibilidade de nada disso ser suficiente para derrubar o dólar se o país não conseguir endereçar a questão fiscal. “Se enumerar, há muitos mais fatores que contribuem para a apreciação do real, mas o peso daquilo que pode depreciar, que é o fiscal, é muito significativo”, afirma.

Embora haja discordâncias no mercado sobre em qual patamar o dólar deve encerrar o próximo ano, a questão fiscal é tida com unanimidade como o maior desafio para o real ganhar força. No boletim Focus, principal pesquisa analistas de mercado, a mediana das projeções para o dólar no fim do ano que vem aponta para 5 reais.

Mas, ao menos para o Santander, que ficou no top 5 do Ranking Focus de projeções da taxa de câmbio de longo prazo, a moeda deve encerrar 2021 abaixo de 5 reais. Com previsão de dólar a 4,60 reais, Jankiel Santos, economista sênior e responsável pelo setor externo do Santander, acredita em alguma melhora da questão fiscal no próximo ano. “Não porque estejamos otimistas com o avanço de reformas, mas o risco [de um descontrole fiscal] é tão grande que o país vai ter que dar um passo para trás antes de cair do precipício”, diz.

Mais pessimista quanto ao controle de gastos do governo e ao avanço de reformas, André Perfeito, economista-chefe da Necton, vê o dólar encerrar o próximo ano em 5,10 reais. “O corte de gastos que está sendo proposto será muito difícil de fazer em 2021. Haverá mais pressão por gastos, dado que terá mais demanda pelo setor público. Imagina a quantidade de pais que vão precisar tirar seus filhos da escola particular e colocar na pública. E esse é só um exemplo”, afirma.

Perfeito também prevê uma disputa política mais acirrada em Brasília, com enfraquecimento do governo e consequente piora do ambiente para reformas. “A popularidade do presidente [Bolsonaro] hoje depende muito das classes mais baixas devido ao auxílio emergencial. Se não tiver mais auxílio e todo mundo que está fora voltar para a força de trabalho, o desemprego vai para 24%”, diz.

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