Dólar sobe e tem maior alta semestral desde 2008
Mercado que lei de segurança nacional chinesa sobre Hong Kong provoque retaliações por parte do governo americano
Guilherme Guilherme
Publicado em 30 de junho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 30 de junho de 2020 às 19h10.
O dólar fechou em alta contra a maioria das moedas emergentes, nesta terça-feira, 30, refletindo a maior aversão a risco, após o governo chinês promulgar a lei de segurança nacional em Hong Kong. Por aqui, o dólar comercial subiu 0,3% e encerrou sendo vendido a 5,440 reais. No semestre, a moeda americana subiu 35,19%. Considerando a variação da ptax, taxa de câmbio que serve de referência para contratos em dólar, que acumula valorização de 35,86% no ano, a alta semestral foi a maior desde o segundo semestre de 2008, quando subiu 46,81%, segundo dados do sistema de informações financeiras Economática.
No início do período da tarde, quando o dólar comercial era negociado em alta de mais de 1%, o Banco Central entrou com leilão de dólar à vista, arrefecendo a valorização da moeda americana. No entanto, a injeção de liquidez da autarquia não foi suficiente para inverter a direção da moeda.
“"Hoje teve uma tensão muito grande em relação ao que pode acontecer entre China e Estados Unidos, se vai se intensificar essa guerra comercial ou não", disse Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimento.
Isso porque a lei de segurança nacional sobre Hong Kong, que abre espaço à repressão de manifestações sociais, aumenta a tensão entre China e Estados Unidos, aliados da ex-colônia britânica.
O tema já provou reações por parte das duas maiores potências do mundo. Na semana passada, o governo americano restringiu a entrada de autoridades chinesas responsáveis por “minar as liberdades de Hong Kong”. Em resposta, a China também restringiu vistos de americanos acusados de “conduta ofensiva” sobre temas relacionados à ex-colônia britânica.
Por outro lado, os dados econômicos da China ajudam a atenuar o pessimismo no mercado. Divulgado na noite de ontem, o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial de junho ficou em 50,9 pontos, acima dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração da atividade. O número também ficou acima da expectativa de mercado, que esperava que o PMI ficasse em 50,4 pontos.
Os dados americanos de confiança do consumidor de junho vieram melhores que o esperado e também foram favoráveis aos ativos de risco, como ações e moedas de países emergentes. A expectativa era de que o índice saltasse de 85,9 pontos para 91,8 pontos, mas foi para 98,1 pontos.
No radar dos investidores, também esteve a taxa de desemprego brasileira, divulgada pelo IBGE, que ficou em 12,9% no trimestre encerrado em maio. Os números vieram em linha com as projeções de mercado, limitando os efeitos sobre o mercado.