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Dólar sobe 2% com temores políticos e quebra sequência de quedas

Tensão entre Jair Bolsonaro e STF se agrava após operação que teve como alvo apoiadores do presidente

Dólar: moeda avança com maior instabilidade política no Brasil (Oleg Golovnev/EyeEm/Getty Images)

Dólar: moeda avança com maior instabilidade política no Brasil (Oleg Golovnev/EyeEm/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de maio de 2020 às 17h10.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 17h13.

O dólar quebrou a sequência de quedas frente ao real e encerrou o pregão desta quinta-feira, 28, em alta, com a volta dos temores políticos no cenário local. No radar dos investidores esteve o embate entre o governo e Supremo Tribunal Federal (STF), que ganhou novos contornos após a operação com base no inquérito das fake news. Com isso, a moeda brasileira teve o pior desempenho entre seus pares emergentes. Por aqui, o dólar comercial subiu 2% e encerrou cotado a 5,386 reais, enquanto o dólar turismo, com menor liquidez, subiu 0,2%, a 5,59 reais.

O inquérito, tocado pelo próprio STF, foi aberto ainda em 2019 para apurar a veiculação de notícias falsas que tinham como alvo membros da corte. Na véspera, a Polícia Federal realizou operações de busca e apreensão em endereços de apoiadores do presidente. Entre eles estavam empresários como o Luciano Hang (dono da Havan) e Edgard Gomes Corona (dono da Smart Fit), suspeitos de financiarem o esquema.

“A política está pegando fogo de novo. Talvez vire uma guerra contra o STF”, disse Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Ainda na noite de quarta-feira, o presidente Bolsonaro usou sua conta no Twitter para defender seus acusados, dizendo que “cidadãos de bem terem seus lares invadidos, por exercerem seu direito à liberdade de expressão”. Em outro tweet, ele disse que "nenhuma violação [ao direito de livre expressão] deve ser aceita passivamente"

Nesta manhã, o presidente voltou a ameaçar o STF, dizendo que “não teremos um dia igual a ontem”. Seu filho Eduardo Bolsonaro disse que participa de reuniões em que discute “quando” será o “momento de ruptura”.

No exterior, o dia vinha sendo positivo para os ativos de risco até o presidente Donald Trump anunciar uma coletiva de imprensa para discutir a questão China. A relação dos dois países, que já estava desgastada, pode se agravar ainda mais, agora que o parlamento chinês aprovou a lei de segurança nacional sobre Hong Kong.

Mesmo assim, a maioria das principais moedas emergentes tiveram um dia de ganhos contra o dólar, como ocorreu com o peso mexicano, o rublo russo e a rúpia indiana.

O dia também foi de agenda econômica cheia. Por aqui, o IBGE informou que o desemprego subiu para 12,6% em abril, enquanto, nos EUA, os pedidos semanais por seguro desemprego ficaram em 2,123 milhões, levemente acima das expectativas, mas abaixo da quantia da semana anterior.

No exterior, os investidores repercutem a possível escalada de tensões entre China e Estados Unidos, após o parlamento chinês aprovar a lei de segurança nacional sobre Hong Kong. Recentemente, Donald Trump, ameaçou fazer retaliações, caso se concretizasse. No entanto, as moedas emergentes tem dia misto, com valorização do peso mexicano, do rublo russo e da rúpia indiana. A lira turca sobe. Entre eles, o real tem a pior desempenho do dia. O governo americano também revisou o PIB do primeiro trimestre para baixo, passando de uma contração de 4,8% para 5%.

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