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Dólar cai quase 5% em janeiro e recua para R$ 5,30. O que esperar?

Real foi beneficiado por forte fluxo de capital estrangeiro na bolsa; queda no exterior e Ptax também impulsionam valorização da moeda brasileira

 (Mohamed Azakir/Reuters)

(Mohamed Azakir/Reuters)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 31 de janeiro de 2022 às 17h34.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 15h57.

O dólar comercial encerrou a última sessão de janeiro em queda de 1,57%, a R$ 5,305, e acumulou uma desvalorização de 4,83% no mês. A cotação é a menor desde 22 de setembro de 2021, quando a moeda americana era negociada a R$ 5,303. 

Na mínima do dia, o dólar chegou a romper o nível de R$ 5,30, sendo cotado a R$ 5,285. Analistas apontam que a moeda está abaixo de sua média móvel de 200 dias, de R$ 5,38, o que abre caminho em direção ao nível de R$ 5,05.

O desempenho negativo do dólar acompanhou três fatores, sendo o primeiro deles a queda global da moeda americana. No exterior, o Dollar Index (DXY), que compara o dólar a uma cesta de moedas de países desenvolvidos, cai 0,56% após registrar cinco altas consecutivas. 

O cenário favorável de fluxo estrangeiro para o Brasil também prejudicou o dólar. O investidor estrangeiro ingressou com R$ 28,14 bilhões na B3 em janeiro, um fluxo considerado surpreendente por analistas. 

“Quase R$ 30 bilhões é um volume muito atípico para um mês de janeiro. Ainda mais em um ano de eleição, em que era esperada uma volatilidade alta”, comenta Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos. 

A expectativa é que o movimento continue em fevereiro, abrindo espaço para novas valorizações do real. “O dólar deve encontrar um nível de estabilização entre R$ 5,25 e R$ 5,35. Não deve cair direto, mas é possível que volte ao patamar de R$ 5 em uma nova onda de otimismo”, afirma Nagem.

Parte da alta se deve ainda ao cenário eleitoral, que é visto com menos apreensão pelo mercado. A razão está em acenos ao centro por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de voto. 

“Dos dois motivos que mais fizeram o preço subir no ano passado — a preocupação com o fiscal e o cenário político —, o segundo perdeu força, porque a candidatura Lula agora é vista como mais ‘palatável’”, disse à Bloomberg Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki.

Alguns especialistas, no entanto, apontam que as quedas atuais já colocam a moeda brasileira em patamares que podem chamar compras de dólar. "Apesar dos comentários de que o real pode se fortalecer até R$ 5,05 por dólar, não acreditamos. Achamos que a grande correção já foi", afirmou à Reuters Alfredo Menezes, gestor na Armor Capital.

Vale lembrar ainda que a forte queda nesta segunda-feira também foi impulsionada pelo movimento técnico de formação da Ptax — taxa de câmbio calculada pelo Banco Central e usada como referência para contratos envolvendo negócios em dólar. A Ptax é calculada diariamente, mas costuma ficar mais volátil no último pregão do mês porque essa última Ptax será utilizada para contratos cambiais do mês seguinte.

*Com agências

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