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Dólar cai a R$1,678 após decisão do Fed

Na tarde de quarta-feira, o Federal Reserve anunciou a compra de 600 bilhões de dólares em títulos nos próximos meses

A moeda norte-americana recuou 1,41 por cento, para 1,678 real (Hugh Pinney/Getty Images)

A moeda norte-americana recuou 1,41 por cento, para 1,678 real (Hugh Pinney/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2010 às 17h00.

São Paulo - O dólar caiu mais de 1 por cento nesta quinta-feira, afastando-se de 1,70 real após a decisão do Federal Reserve de aumentar a oferta de dólares nos Estados Unidos para fazer frente à desaceleração da economia.

A continuidade da entrada de capitais no Brasil, mesmo com o imposto maior sobre o investimento em renda fixa, e a previsão de que o governo não tomará novas medidas até a reunião do G20, semana que vem, favoreceram a alta do real.

A moeda norte-americana recuou 1,41 por cento, para 1,678 real. Em novembro, o dólar tem queda de 1,47 por cento e, no ano, de 3,73 por cento.

"É um movimento global, de acerto das moedas", disse Jorge Lima, consultor financeiro da corretora Previbank DTVM. "Mesmo com a atuação do Banco Central, é difícil segurar", completou, em referência aos dois leilões diários de compra de dólares.

Em relação a uma cesta com as principais divisas, o dólar tinha queda de 0,8 por cento às 16h30. O euro, com alta de 0,5 por cento, tinha o maior valor em nove meses.

Na tarde de quarta-feira, o Federal Reserve anunciou a compra de 600 bilhões de dólares em títulos nos próximos meses para aumentar a disponibilidade de crédito. A medida, aguardada há semanas, empurrou commodities, ações e moedas emergentes aos recordes desde antes da quebra do Lehman Brothers, em 2008.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou a decisão do Fed. "Não adianta ficar jogando dólar de helicóptero", disse. "O único resultado é desvalorizar o dólar para que tenha uma competitividade maior no comércio internacional."

Na sexta-feira, o governo dos Estados Unidos divulga os dados referentes ao mercado de trabalho do país em outubro.

Entrada de dólares segue firme

No mercado interno, Lima citou também a continuidade de emissões de títulos corporativos em dólares, como a recente captação de 350 milhões de dólares pelo Santander Brasil e o lançamento de 300 milhões de dólares em títulos de cinco anos pelo Banco do Nordeste nesta quinta-feira.

Mais cedo, dados divulgados pelo Banco Central mostraram a entrada de 6,917 bilhões de dólares no mês passado, com a maior parte (5,141 bilhões de dólares) oriunda de operações financeiras. No mês passado, o governo triplicou a 6 por cento o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na entrada de capital estrangeiro para aplicações em renda fixa no país.

Após a reunião do Fed, a atenção do mercado agora se volta para o encontro do G20, em 11 e 12 de novembro, onde a presidente eleita Dilma Rousseff e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeram "brigar" por uma solução para os desequilíbrios globais no câmbio.

Até lá, dificilmente o governo deve tomar mais medidas unilaterais para frear a valorização do real, dizem profissionais de mercado. "Não se pode descartar novas medidas... mas avaliamos que antes do fechamento da reunião do G-20 isso não deverá acontecer", afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, em relatório.

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