Dólar continua em trajetória de queda | Foto: Adrienne Bresnahan/Getty Images (Adrienne Bresnahan/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de junho de 2021 às 13h35.
Última atualização em 16 de junho de 2021 às 16h36.
O dólar registra forte queda contra o real nesta quarta-feira, 16, voltando a ser negociado abaixo dos 5 reais pela primeira vez em mais de um ano. Após ter tocado a mínima de 4,994 reais, às 13h30, o dólar caía 0,72% e era negociado a 5,002 reais.
A desvalorização da moeda americana ocorre antes da decisão de política monetária nos Estados Unidos e Brasil. Com a perspectiva de que o Federal Reserve mantenha os juros próximos de zero e o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a taxa Selic em pelo menos 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano, o aumento do diferencial de juros entre os dois países torna mais atrativos os investimentos de renda fixa no Brasil.
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"Isso torna mais atrativo o carry trade, que é pegar dinheiro no exterior com taxa de juros menores e trazer para cá, onde os juros estão cada vez mais altos. A queda do dólar hoje é totalmente em cima das movimentações das políticas monetárias brasileira e americana ", comenta Jefferson Laatus, estrategista-chefe e sócio-proprietário do Grupo Laatus.
No mercado de câmbio, o real tem a melhor performance entre as moedas internacionais, perdendo apenas para a valorização das rúpias de Seicheles frente ao dólar. O principal par do real, o peso mexicano, é negociado em queda contra a moeda americana.
Para Sidnei Nehme, diretor executivo da corretora de câmbio NGO, a moeda americana tem espaço para cair ainda mais frente ao real conforme a taxa de juros sobe no Brasil.
"Com o ajuste do juro, o dólar deve buscar seu preço mais compatibilizado com a realidade brasileira, que tem enormes reservas cambiais, retrocedendo para o intervalo entre 4,60 e 4,80 reais", afirma em nota.
De acordo com o BTG Pactual digital (do mesmo grupo controlador da EXAME), a taxa Selic, que hoje está em 3,5%, deve chegar a 6,5% até o fim do ano. A projeção, que era de 5,5%, foi revisada levando em conta a retomada do crescimento econômico prevista para o segundo semestre.
"O ambiente de atividade mais forte que o esperado tem antecipado nossas expectativas de fechamento do hiato do produto", afirma a equipe de Research do banco em relatório. No último boletim Focus, a expectativa mediana do mercado para a Selic ao fim de 2021 era de 6,25%.
Desde o fim de abril, o dólar acumula queda de cerca de 8% contra o real. Nesse período, além da alta de juros, fatores como a menor percepção de risco fiscal, a alta das commodities, a melhor perspectiva de crescimento do país e as captações de empresas brasileiras no exterior contribuíram para a valorização do real.