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Dólar fecha em R$ 5,73, maior valor em mais de dois anos: pessimismo com Copom impactou a divisa

No intraday, moeda chegou a ser cotada a R$ 5,74. Economista explica que aversão ao risco devido ao aumento das tensões no Oriente Médio também colaboraram para apreciação da divisa

Dólar: moeda ultrapassa os R$ 5,70 (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: moeda ultrapassa os R$ 5,70 (Gary Cameron/Reuters)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 13h27.

Última atualização em 1 de agosto de 2024 às 17h19.

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O dólar fechou em alta de 1,43% nesta quinta-feira, 1º, cotado a R$ 5,735, maior patamar desde 20 de dezembro de 2021, quando a moeda fechou em R$ 5,741. No intraday, no entanto, a moeda chegou a bater ar$ 5,74. Segundo especialistas em câmbio ouvidos pela EXAME Invest, dois fatores interferem na divisa americana: aumento nas tensões geopolíticas no Oriente Médio e a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Para Beto Saadi, diretor de investimentos da Nomos, a valorização do dólar está relacionada ao comunicado "leniente" do Copom. "Obviamente o texto teve um tom duro, mas o que o mercado queria mesmo, e estava esperando, era que o comunicado abrisse as portas para uma alta de juros eminente. Isso não aconteceu. Na verdade, apesar de um tom bem mais rigoroso no comunicado, não foi sinalizada uma alta de juros."

Segundo o especialista, se os juros não sobem, o que tem que subir é o dólar, então as operadoras estão reestruturando suas posiçãos, o que acaba impactando no dólar como proteção em um cenário que o BC parece estar resistente em elevar a Selic.

André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, ainda acrescenta que a troca de comando no Banco Central (BC) e os riscos fiscais são vetores adicionais de desvalorização cambial, que tornam improvável um movimento sólido de valorização da moeda brasileira mesmo às vésperas do início do movimento de afrouxamento monetário por parte do Fed.

Embora o presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, tenha deixado em aberto a possibilidade de corte de juros em setembro, Galhardo observa que o real não está seguro nem mesmo se os cortes nos juros dos EUA se concretizassem. "As moedas emergentes estão perdendo força em relação ao dólar. O índice DXY, que mede a volatilidade em Wall Street, sobe hoje acompanhado pela cotação do ouro."

Tensões no Oriente Médio

Galhardo diz ainda que o ataque de Israel ao Irã, com a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, é significativo porque, segundo uma notícia do New York Times, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, deu o aval para que o país faça uma retaliação. O movimento gera uma aversão ao risco, devido ao receio que o conflito no Oriente Médio cresça. "Isso faz com que investidores busquem ativos mais seguros, como o ouro ou dólar."

Haniyeh foi morto em um ataque aéreo em Teerã, capital do Irã, que o grupo terrorista atribui a Israel. O ataque ocorreu enquanto o líder político estava na cidade para a posse do novo presidente iraniano, nesta quarta-feira, 31. As informações são do Financial Times. A morte de Haniyeh coloca em xeque a relação entre Israel e Irã. Relação esta que já estava balançada após ataques diretos em abril deste ano.

No início do conflito entre Israel e Hamas, especialistas ouvidos pela EXAME Invest afirmaram que o que preocupa o mercado é justamente a entrada do Irã no conflito, visto que o país é um dos maiores produtores de petróleo no mundo, sendo membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O envolvimento do país na guerra pode pressionar o preço do petróleo, além prejudicar países que compram a maior parte da commodity do país, como a China.

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