Dólar: moeda americana cai 1% e encerra sendo vendida por 5,328 reais (Gary Cameron/Reuters)
Reuters
Publicado em 16 de julho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 16 de julho de 2020 às 17h11.
O dólar fechou em queda contra o real nesta quinta-feira, 16, na contramão do movimento de valorização da moeda americana frente a divisas emergentes. Apesar do dia predominantemente negativo no mercado financeiro, com os investidores repercutindo os dados negativos sobre vendas do varejo chinês, o real seguiu trajetória dissonante desde o início do pregão, quando a expectativa majoritária dos especialistas era de perdas frente ao dólar.
Mas o que se sucedeu foi justamente o oposto, com o dólar comercial operando em queda por toda a sessão, e encerrando com perdas de 1%, sendo vendido por 5,328 reais. Com variação semelhante, o dólar turismo era cotado a 5,62 reais.
"Não tem nenhum grande motivo para a valorização do real. Ele está descolado do contexto", afirmou Jeffeson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Na véspera, o dólar comercial também apresentou movimento diferente de seus pares emergentes, subindo quase 1%, enquanto a maioria das moedas emergentes caíram, com o otimismo sobre os avanços da potencial vacina da Moderna.
Segundo Laatus, isso tem ocorrido devido à baixa liquidez no mercado de câmbio, causada pela fuga de capital estrangeiro do país. "Ninguém está mais posicionado em dólar. O estrangeiro não está investindo aqui porque não tem segurança no país e o local também não tem costume de tomar dólar. Ele está em segundo plano. Talvez quando aprovar reformas que ajude no lado fiscal, a liquidez comece a voltar aos poucos", comentou.
De acordo com Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimento, o câmbio está sofrendo forte impacto das operações de mini-dólar. "Mini-dólar é daytrade pesado. Pode ser que estejam manipulando um pouco o mercado", disse.
Laatus também vê um possível impacto de daytrades no câmbio. "O dólar está muito especulativo no momento. É um sobe e desce o dia inteiro, com alta volatilidade. Virou um ativo de giro."
Na China, o PIB do segundo trimestre subiu 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado, ficando acima das expectativas da alta de 2,5% projetado pelo mercado. Embora o número tenha ficado acima das expectativas, o foco se voltou para as vendas do varejo chinês, que caíram 11,76% em junho ante o mesmo período do ano passado. Por lá, a bolsa de Xangai registrou a maior queda em três meses, recuando 4,5.
Nos Estados Unidos, os dados semanais pedidos de auxílio desemprego vieram acima do esperado, em 1,3 milhão contra a expectativa de 1,25 milhão de pedidos. Por outro lado, as vendas do varejo americano subiram 7,5% em relação ao mês anterior, injetando algum ânimo no mercado. Logo após a divulgação dos dados, os ativos de risco apresentaram algum ganho substancial, mas insuficiente para mudar a direção dos mercados.